R7 – Um mês após uma cratera se abrir em uma obra da Linha 6-Laranja do metrô na Marginal Tietê, em São Paulo, completo nesta terça-feira (1º), as causas do acidente ainda são desconhecidas. O governo paulista contratou o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), órgão vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, que até o momento não apresentou uma conclusão sobre o que ocorreu na área.
A cratera se abriu na manhã do dia 1º de fevereiro, após o rompimento de uma galeria de esgoto. Inicialmente, o buraco ocupou uma faixa da pista local, no sentido Ayrton Senna, mas logo se expandiu para três das quatro faixas da pista local, antes de ser preenchido com pedras e cimento.
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O trabalho serviu para evitar que mais trechos da pista fossem destruídos, mas não representa o fim do problema, já que a pista terá de ser refeita no local. Na última sexta (25), porém, já foi possível liberar duas faixas da pista local da marginal – a pista central foi desinterditada dias após o acidente.
Procurado, o IPT não comentou na segunda-feira (28) por que ainda não é possível concluir as causas do acidente e se a drenangem que ainda é realizada dificulta o acesso a área para análises pormenorizadas. Além do esgoto, permanece no local o tatuzão, equipamento usado para cavar túnel e que precisará de reparos para voltar a operar.
Segundo a Linha Uni, consórcio responsável pela construção da Linha 6-Laranja, as informações necessárias para a apuração do incidente estão sendo repassadas ao IPT. “Até que a análise seja concluída, não é possível afirmar a causa do rompimento do interceptor de esgoto”, afirmou a Linha Uni, em nota.
Apesar de não ter havido um choque entre o tatuzão e a rede de esgoto, segundo o governo de São Paulo, especialistas levantam a hipótese de que a máquina seja responsável pelo incidente de forma indireta. A trepidação causada pela tuneladora é uma das possíveis causas do rompimento da rede de esgoto. Outro possível motivo apontado é a perda de sustentação da rede de esgoto com a retirada de terra embaixo dos canos — o tatuzão passa cerca de 3 metros abaixo da tubulação.
Especialistas
“Aquele corredor tem quilômetros de extensão. Por que exatamente lá, do lado do poço do Metrô, ele resolveu dar sinal de vida? É evidente que há alguma correlação com a obra. A gente não sabe qual exatamente, mas existem várias hipóteses”, disse o engenheiro Sergio Ejzenberg, mestre em transportes pela Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo).
Ejzenberg cita duas hipóteses mais prováveis sobre a influência da obra no rompimento da galeria do esgoto. Uma envolve o “tatuzão”, máquina responsável pela escavação, que teria movimentado o solo próximo à coletora. “E isso lançou esse esgoto e fez essa cratera. Essa instabilidade se dá pela obra no local”, complementa o presidente do IE (Instituto de Engenharia), Paulo Ferreira.
Outro cenário mencionado por Ejzenberg é que o buraco cavado pelas obras do Metrô tenha afetado a sustentação do curso d’água, o que também pode ter provocado o rompimento. Ele ainda critica a distância de 3 metros entre o “tatuzão” e a coletora de esgoto: “É muito pouco, obra de risco”.
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