No último dia 28 de maio, a CPTM completou 30 anos de existência podendo dizer que há uma luz no fim do túnel depois da turbulência que não só ela, mas todos os sistemas de passageiros sobre trilhos passaram (ou ainda passam) durante a pandemia. A companhia, que transportava 3 milhões de passageiros/dia antes da crise, agora enxerga uma retomada, chegando ao patamar de 80% da antiga demanda. Se um dia vai alcançar os 100%, o presidente da companhia, Pedro Tegon Moro, não sabe prever. “Essa é uma pergunta de US$ 1 milhão”.
Há 15 anos na CPTM, Pedro é profissional de carreira na empresa, e uma rara exceção à frente da companhia, acostumada nessas três décadas a indicações políticas na presidência. “A principal diferença é um conhecimento mais profundo da companhia. E quando eu falo profundo não é técnico ou operacional, mas, sim, das pessoas. Valorizar o capital humano faz uma grande diferença e isso eu tenho”.
Essa característica o ajudou no enfrentamento da crise, mas foi o colchão financeiro do governo de São Paulo que sustentou a operação do sistema no momento de baixa receita tarifária. A companhia, que já conta normalmente com R$ 800 milhões/ano de subsídio do estado para o custeio da operação, na pandemia recebeu mais R$ 400 milhões em cada ano (2020 e 2021). A boa notícia, segundo Pedro, é que em 2022, esse aporte extra não está previsto.
Um dos ganhos de sua gestão, diz o presidente da CPTM, foi o crescimento da participação da receita não tarifária nos últimos três anos, de 5% para 10%. A principal fonte de receita não operacional da companhia hoje vem de uma parceria com a Eletromídia, assinada em 2020. Pedro ressalta que é o maior contrato de concessão de mídia externa e interna do Brasil, englobando cerca de R$ 450 milhões ao longo de 10 anos.
Outra mudança significativa que aconteceu durante a sua gestão foi a transferência de duas das sete linhas da CPTM para a iniciativa privada. Desde janeiro desse ano, a ViaMobilidade opera as linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda. O início tem sido turbulento, com a ocorrência de diversas falhas e atrasos de trem. Antes de assumir a operação, a concessionária passou por um treinamento de sete meses com a CPTM. Os problemas, no entanto, levaram à discussão de uma cooperação técnica mais intensa entre as duas empresas. Sobre o assunto, Pedro é sucinto: “Com esse convênio temos a possibilidade de prestar algum tipo de parceria, de cooperação técnica com a ViaMobilidade. Estamos aqui à disposição para conversar, mas não somos o poder concedente, não fazemos fiscalização, nós temos as nossas linhas para operar”.
Outra questão que está à luz da rotina da CPTM é a segregação de via na Grande São Paulo – projeto no âmbito da renovação antecipada do contrato de concessão da MRS. As duas operadoras, que hoje dividem a linha entre Jundiaí e Rio Grande da Serra, estão conversando para firmar diretrizes. “Estamos em fase final de fechamento do nosso convênio junto a MRS, que trata de toda a segregação. Esse convênio vai ser a base das obras”
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