O Tempo (MG) – A privatização do metrô de Belo Horizonte, que está em vias de ser realizada, pode ser encarada com otimismo pelos usuários do transporte que há décadas aguardam melhorias no sistema, como o aumento do número de linhas e estações. Na avaliação do coordenador de economia do Ibmec BH, Ari Francisco Araújo Jr., a mudança poderá ser benéfica para o usuário, mesmo que a consequência disso seja um possível aumento no preço da passagem.
Segundo o professor, o principal aspecto da privatização da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) em Belo Horizonte, é a questão do investimento. “O estado brasileiro tem muita dificuldade para realizar investimentos em infraestrutura, e um processo de privatização como esse é a oportunidade de garantir esses investimentos que poderão ser feitos até por empresas estrangeiras, que buscam por essas oportunidades no país”, analisa.
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Ainda nesse aspecto, Araújo avalia que a melhora na estrutura do metrô pode gerar um consequente aumento no número de usuários, o que ajuda a corrigir as distorções econômicas criadas por conta do prejuízo na operação do sistema. “Hoje, mesmo quem não utiliza o metrô paga continuidade da operação, tendo em vista que ele é extremamente deficitário. Livre dessa gestão, o estado pode se concentrar em investir em outras áreas”, diz,
Para quem pega o metrô todo dia, ou está ansioso pela chegada de novas estações, a notícia da privatização é positiva, conforme avalia o professor. “Há muitos anos a sociedade demanda novas linhas. Essa certeza de investimentos significa que essas linhas existirão. Então esse é o primeiro benefício. Sem esse investimento essas novas linhas não seriam realidade. Nesse ponto, o usuário vai sair ganhando”, analisa o professor, que não descarta a possibilidade de aumento no preço da passagem cobrada.
Contraponto
Para o Sindicato dos Metroviários de Minas Gerais (Sindimetro-MG), a privatização do metrô não é vista com bons olhos. Para além dos 1,6 mil empregos que estão em jogo, a categoria esclarece que uma consequência certeira será o aumento no preço das passagens, que atualmente é R$ 4,50.
“Qualquer investimento em linhas metroferroviários são altíssimos, na ordem de bilhões, e para ter retorno lucrativo leva-se mais de 30 anos, portanto, é muito difícil de saber se qualquer empresário faria investimentos desta magnitude para um prazo tão longo de retorno. Onde o metrô passou a ser gerido pela iniciativa privada como algumas linhas em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, os empresários não investiram um centavo em melhorias, apenas fazem porcamente a manutenção, basta ver os acidentes que acontecem, e recebem o lucro com a cobrança de passagens em um preço tão alto que o número de passageiros reduziu”, diz o sindicato em um comunicado contra a privatização.
A categoria está em greve desde a última quarta-feira (24), quando o Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou as condições para a desestatização da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), em Belo Horizonte. Essa foi a última etapa burocrática para que o metrô fosse concedido à iniciativa privada.
Melhorias previstas
Para a privatização do metrô, algumas melhorias deverão ser feitas obrigatoriamente pela empresa que vencer o leilão. Uma delas é a modernização completa da Linha 1 (28,1 km de extensão e 19 estações para passageiros), que já está em operação Neste trajeto, está prevista a expansão em Contagem, em um novo trecho da estação Eldorado.
A construção da linha 2 também é uma obrigação, devendo entrar em operação a partir do sexto ano de concessão – mais ou menos em 2029, caso o leilão para privatização seja feito até novembro, conforme previsto pelo Ministério da Economia.
A nova linha vai ligar os bairros Calafate e Barreiro, com 10,5 km de extensão e 7 novas estações.
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