A três anos de inauguração, obras da Linha 6-Laranja mostram grande avanço

A Acciona preparava a concretagem da laje de fundo de Freguesia do Ó (LinhaUni)
A Acciona preparava a concretagem da laje de fundo de Freguesia do Ó (LinhaUni)

Metrô CPTM – Há exatos dois anos, o panorama no canteiro de obras do VSE Tietê era desolador. Uma imensa vala sem qualquer movimento de trabalhadores, além de duas coberturas provisórias que protegiam as peças dos “tatuzões” fabricados na China. Apesar disso, a Linha 6-Laranja de metrô acabava de voltar a ser um projeto viável após um período de incertezas, com a entrada do grupo Acciona no lugar do consórcio Move São Paulo, após um período de indefinições.

Desde então, a empresa espanhola trouxe novos sócios e abriu diversas frentes de trabalho para conseguir o que para os padrões brasileiros é algo pouco crível, inaugurar o ramal de 15,3 km em apenas cinco anos.

Fato é que estamos nos aproximando da metade desse prazo, que estabelece a abertura das 15 estações entre Brasilândia e São Joaquim em outubro de 2025. De lá para cá ocorreram imprevistos, como o rompimento do interceptor de esgoto que alagou os canteiros onde estavam as duas tuneladoras, mas a construtora parece ter resolvido a maior parte dos problemas e segue avançando em grande velocidade.

É o que mostram imagens publicadas neste mês pela LinhaUni, concessionária que fará a operação da Linha 6. Com exceção da estação 14 Bis, as demais estações já contam com escavações bastante profundas e algumas delas até mesmo os túneis de plataforma.

VCA invertido

A estação com as obras mais avançadas, segundo a Acciona, é Santa Marina. Localizada próximo à Marginal Tietê, ela está sendo construída pelo método de VCA invertido e já conta com a estrutura bruta bastante adiantada. É lá que a Tuneladora Sul deve chegar nas próximas semanas, após partir do poço SE Aquinos em setembro – o site visitou o local em julho.

Também seguindo um cronograma relacionado ao “TBM” (como também é chamado o tatuzão), a próxima estação no caminho do equipamento de 109 metros é Água Branca. Ela está sendo escavada por outro método, o NATM, e consiste de dois poços circulares, um mais profundo, onde ficarão localizadas as plataformas, e outro mais raso, que servirá de ligação com as linhas 7-Rubi e 8-Diamante. A parada já atingiu 39,72% de evolução, segundo a empresa espanhola.

Após cruzar os ramais de trens metropolitanos, a Linha 6 terá outras oito estações, sendo Perdizes a que mais avançou (35,28%). Ela também é construída pelo método VCA invertido, que parte da construção das paredes e em seguida da laje na superfîcie. Em seguida, são escavados os pisos em direção ao nível das plataformas. SESC-Pompéia é outra a usar essa técnica, tendo chegado a 30,83% de evolução.

PUC-Cardoso de AlmeidaFAAP-Pacaembu e a imensa Higienópolis-Mackenzie estão sendo abertas pelo NATM, ou túnel mineiro, que é mais lento, porém, apropriado para uma implantação em área mais complexa e restrita. O trecho final ao sul inclui as estações São JoaquimBela Vista e 14 Bis. Esta última é, como dito, a que ainda se encontra num estágio mais atrasado, por conta do trabalho de remoção de itens arqueológicos encontrados pela Acciona.

Pátio tomando forma

Na parte ao norte do Rio Tietê, a Linha 6 também já mostra grandes avanços. A estação João Paulo I é que está mais perto de ser concluída, com 37,1% de evolução. Assim como Freguesia do Ó e Itaberaba, ela está sendo escavada em rocha, o que exigiu detonações controladas para abrir o poço e os túneis. De acordo com as imagens, elas estão a laje de fundo preparada para receber a visita da Tuneladora Norte, cuja partida ocorrerá ainda em outubro.

Após elas, a Linha 6 emprenderá uma subida, com duas estações, Brasilândia (VCA Invertido), que já conta com uma das lajes concretadas enquanto, e Vila Cardoso, única das 15 a usar o VCA convencional.

Além de vários outros poços de ventilação, um dos mais notórios Pacaembu, onde haverá estacionamento de trens, a Acciona também está construindo o Pátio Morro Grande, local onde será feita a manutenção dos trens da Alstom e que também abrigará o Centro de Controle Operacional (CCO) do ramal.

A imagem aérea divulgada pela LinhaUni revela que vários prédios já contam com fundações e pilares, sugerindo que em breve eles começaraá a receber estruturas e cobertura. Segundo a construtora, o pátio já atingiu quase 44% do cronograma de obras.

Andamento das obras, segundo a Acciona

Pátio Morro Grande – 43,96%

Estação Brasilândia – 31,4%

Estação Vila Cardoso – 19,71%

Estação Itaberaba-Hospital Vila Penteado – 26,93%

Estação João Paulo I – 37,1%

Estação Freguesia do Ó – 27,75%

Estação Santa Marina – 41,42%

Estação Água Branca – 39,72%

Estação SESC-Pompeia – 30,83%

Estação Perdizes – 35,28%

Estação PUC-Cardoso de Almeida – 30,09%

Estação FAAP-Pacaembu – 23,27%

Estação Higienópolis-Mackenzie – 15,37%

Estação 14 Bis – 3,48%

Estação Bela Vista – 24,45%

Estação São Joaquim – 5,94%

Formato de Parceria Público-Privada

Inédito na época em que foi licitada, a concessão de uma linha metroferroviária inteira por Parceria Público-Privada está começando a mostrar sua viabilidade. Diante dos desafios na época em que foi leiloada (há quase uma década), a Linha 6 acabou pagando um preço alto ao ver o primeiro parceiro privado, o consórcio Move São Paulo, interromper as obras em 2016 após ficar sem recursos financeiros.

Antes disso, o ramal sofreu com as desapropriações por conta da ausência de exemplos em que o sócio privado faz o trabalho de negociação com os proprietários de imóveis, porém, o poder público banca as indenizações.

A despeito desses acidentes de percurso, o formato em que o governo é apenas um sócio que contribui financeiramente sem dúvida tem se mostrado vantajoso em relação ao ritmo de obras. Talvez seja o momento de lançar mais projetos como esse, agora que existe todo um aparato jurídico favorável.

Fonte: https://www.metrocptm.com.br/a-tres-anos-de-inauguracao-obras-da-linha-6-laranja-mostram-grande-avanco/

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