Valor Econômico – Além dos níveis históricos de resultado operacional e receita líquida consolidados alcançados no terceiro trimestre, a Klabin marcou o maior Ebitda (resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização) trimestral para o negócio de celulose desde o início de operação do projeto Puma, disse há pouco o diretor-geral Cristiano Teixeira.
“O negócio de celulose, com seu diferencial de fibras, realizou um recorde de Ebitda”, afirmou, em teleconferência com analistas. De julho a setembro, o Ebitda dessa unidade de negócio chegou a R$ 1,2 bilhão, alta de 16% na comparação anual.
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Ao mesmo tempo, comentou o executivo, houve acomodação na demanda de papel kraftliner, enquanto o mercado de cartões segue aquecido. “Em embalagem, vemos um ótimo momento em caixas e sacos industriais, aparentemente de retomada da economia brasileira”, acrescentou.
De acordo com o diretor financeiro e de relações com investidores da Klabin, Marcos Ivo, a liquidez da companhia permanece sólida, com disponibilidade de R$ 9 bilhões, sendo R$ 6,3 bilhões de caixa e o restante em linhas de crédito rotativo. A posição de caixa, observou, é suficiente para amortizar dívidas que vencem nos próximos 44 meses.
Em relação ao Projeto Puma II, a construção da segunda máquina, MP 28, segue dentro do cronograma, com 65% de avanço físico em meados deste mês. Dedicada à produção de cartões, a máquina já tem cerca de 60% de sua capacidade, de 460 mil toneladas, vendida. Até agora, os desembolsos com Puma II somam R$ 10,3 bilhões.
“A MP 28 atenderá sobretudo aos mercados de alimentação e bebidas, que além de mostrar demanda crescente, são resilientes em momentos de contração econômica”, disse Ivo. “Ainda no mercado de cartões, o balanço entre oferta e demanda de cartão que leva fibra virgem cria boas perspectivas de preço para o ano de 2023, favorecendo a entrada no mercado da MP 28”.
Custo de caixa de produção
Principal ponto de atenção do resultado da Klabin no terceiro trimestre, o custo caixa de produção de celulose deve recuar no quarto trimestre, disse Ivo.
Entre julho e setembro, essa conta alcançou US$ 270 (R$ 1.416) por tonelada, um salto de 51% na comparação anual. “Eventos pontuais na fábrica de celulose impactaram os custos de químicos, combustíveis e outros. Essas três linhas subiram na comparação trimestral, mas não esperamos ver isso no quarto trimestre”, explicou.
O maior consumo de madeira de terceiros também contribuiu para o aumento do custo caixa e foi atribuído principalmente ao maior nível de chuvas no Paraná — quanto mais úmida a madeira, maior o consumo específico para produção de celulose. “Houve mais participação de madeira de terceiros do que se previa”, disse.
Em relação aos preços da celulose, o diretor do negócio, Alexandre Nicolini, disse que a perspectiva no curtíssimo prazo é de estabilidade, apesar da sensação de redução da demanda no mercado spot. “As vendas em contratos regulares permanecem nos mesmos níveis do terceiro trimestre. Do lado da oferta, não tem mudança de cenário”, comentou.
Em outubro, o preço lista da celulose de fibra curta na Europa se manteve em US$ 1.380 por tonelada, nível que deve se manter em novembro. “Não vemos nenhuma mudança de curso na Europa e nos Estados Unidos. Alguns segmentos de papel e embalagem têm sofrido um pouco mais em alguns países, mas o mercado de tissue permanece bastante robusto”.
Para 2023, contudo, não há grande visibilidade no momento, diante das incertezas macroeconômicas e da crise energética.
Caixas de papelão
A Klabin está otimista em relação ao mercado brasileiro de embalagens no quarto trimestre, com a melhora de ritmo da economia doméstica e Copa do Mundo e Black Friday dando impulso à demanda, indicou há pouco o diretor de embalagem da companhia, Douglas Dalmasi.
“Pode ser um trimestre até mais de 2% mais forte do que o quarto trimestre do ano passado”, afirmou, em teleconferência com analistas.
Conforme o executivo, a procura por embalagens por parte dos fabricantes de linha marrom em Manaus está mais forte do que tradicionalmente se vê nos três últimos meses do ano, o que traz “bastante otimismo”.
Já o mercado de cartões, disse o diretor de papéis da Klabin, Flavio Deganutti, é o mais resiliente entre os papéis usados em embalagens e deve crescer acima do Produto Interno Bruto (PIB) no próximo ano, quando entra em operação a nova máquina de Puma II, a MP 28.
“É o mercado mais resiliente até porque está associado a mercados de alimentos. Além disso, o equilíbrio entre oferta e demanda está bastante justo”, acrescentou.
Projetos de expansão
De acordo com Ivo, o foco da companhia, neste momento, está na conclusão dos três projetos de expansão que estão em curso — Puma II, Horizonte e Figueira — e a estratégia de conciliar crescimento com pagamento de proventos de forma regular está mantida.
“A Klabin consegue fazer isso também crescendo, escolhendo bons projetos. Portanto, há oportunidades de continuar crescendo em projetos de alta geração de valor”, afirmou.
Teixeira comentou que, em 2023, a Klabin seguirá ampliando sua base florestal nos Estados do Sul, com vistas a abastecer também potenciais projetos futuros.
Para o quarto trimestre, indicou Teixeira, a expectativa é de crescimento do resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) na comparação anual, apesar da demanda no mercado externo não estar repetindo a sazonalidade típica do intervalo.
“Em geral, é um período sazonalmente forte e já sentimos que o cenário está diferente, sobretudo no mercado externo, diante das incertezas macroeconômicas”, observou. No mercado doméstico, por sua vez, a expectativa é positiva para a demanda, sustentada pela realização da Copa do Mundo e pela Black Friday, que estão impulsionando a procura por embalagens.
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