Valor Econômico – O governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), começa os trabalhos de transição oficialmente no dia 16, mas nos bastidores os principais partidos que integraram a aliança na chapa já disputam fatias da gestão.
Legenda que concordou em filiar Tarcísio no ano passado, logo que Bolsonaro o lançou candidato, o Republicanos já deixou claro que quer o controle da Secretaria de Desenvolvimento Regional, uma estrutura estratégica do governo paulista.
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O orçamento previsto para 2023 e encaminhado à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) em 1º de outubro prevê R$ 2,06 bilhões em recursos para a pasta, criada em 2019 durante o governo João Doria com propósito de facilitar a relação com as 645 prefeituras do Estado.
Atualmente a secretaria é ocupada pelo PSDB, que após perder a hegemonia de 28 anos à frente do Executivo trabalha para manter-se na estrutura de governo e tem pleiteado a Secretaria de Habitação. Atualmente ocupada pelo médico Rubens Emil Cury, a Secretaria de Desenvolvimento Regional deverá sair do comando do PSDB e passar ao ex-deputado Robson Tuma.
Ex-secretário especial do Ministério da Cidadania no governo Bolsonaro, Tuma se desligou da autarquia em junho para se dedicar exclusivamente à campanha de Tarcísio.
O governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), apoiou Tarcísio e Bolsonaro no segundo turno, decisão que foi seguida pelos principais prefeitos da sigla. O apoio tucano ao novo governo, contudo, ainda não está definido.
“Tarcísio só vai tratar dessas questões a partir do dia 16, tudo o que está sendo dito agora é especulação. Pessoalmente eu defendo que a bancada do PSDB apoie o governo Tarcísio na assembleia, mas isso será decidido no tempo adequado”, disse o prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando. O tucano se tornou um dos principais aliados da sigla à candidatura de Tarcísio após a passagem ao segundo turno do agora governador eleito.
O PSDB tem hoje a terceira maior bancada da Assembleia Legislativa, com nove deputados. O atual presidente da Casa, deputado Carlão Pignatari (PSDB), foi reeleito para o mandato parlamentar com a sexta maior votação do PSDB no Estado (105.245 votos) e busca a recondução à Presidência da assembleia.
A maior bancada do Legislativo paulista é do PL, que soma 19 parlamentares após a eleição de 2022. Parte dessa bancada é de viés bolsonarista. Aliados de Tarcísio consideram natural que o PL pleiteie espaços no governo, ainda que o governador eleito tenha prometido fazer indicações com base em critérios técnicos.
A segunda bancada da assembleia é a do PT, com 18 deputados, que será oposição ao governo de Tarcísio na Casa.
A Secretaria de Esportes também é alvo do interesse do Republicanos. Hoje ela está ligada ao Podemos, sigla que declarou apoio a Tarcísio no segundo turno, após a derrota da campanha de reeleição de Rodrigo Garcia.
O PSD tem participação relevante na equipe de Tarcísio. O coordenador da transição é o ex-assessor especial do ministro da Economia Paulo Guedes, o ex-vice governador na gestão Geraldo Alckmin (PSB) Guilherme Afif Domingos.
Afif também é cotado para ocupar uma secretaria. A atual Secretaria de Planejamento e Finanças poderá ser dividida em duas. Afif ocuparia a área de Finanças. O próprio Gilberto Kassab também é cotado para chefiar a Casa Civil, posto que ocupou no governo Doria.
Tarcísio estaria empenhado em trazer para si as pastas ligadas ao setor de transportes. A Secretaria de Logística e Transportes é hoje ocupada pelo grupo político ligado ao presidente da Câmara Municipal de São Paulo, vereador Milton Leite (União Brasil). O União Brasil também declarou apoio a Tarcísio no segundo turno da eleição para governador. Procurado, Leite não retornou à reportagem até o fechamento desta edição.
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