CSN está preparada para momento mais difícil, diz Steinbruch

Steinbruch: vai seguir atento às oportunidades de fusão e aquisição, no país e exterior. Ele vê novas rodadas de consolidação — Foto: Claudio Belli/Valor
Steinbruch: vai seguir atento às oportunidades de fusão e aquisição, no país e exterior. Ele vê novas rodadas de consolidação — Foto: Claudio Belli/Valor

Valor Econômico – O momento é muito parecido com março de 2020, quando a pandemia de covid-19 avançava no mundo e foi preciso preparar os negócios para um ambiente mais ácido, na avaliação do presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Benjamin Steinbruch. “Tomamos medidas agressivas para preparar a companhia para épocas difíceis, para uma mudança grande de produção e consumo”, lembrou o empresário, em teleconferência com analistas nesta terça-feira (01).

“Estamos na mesma função. A companhia está sendo preparada para um mercado muito competitivo e diferente, porque os preços das matérias-primas em geral e o patamar da economia com um todo estão caindo”, afirmou, indicando que redução de custos está no foco do grupo.

CSN estimou preço do minério entre US$ 80 e US$ 90 por tonelada para projetar sua nova meta de alavancagem

No terceiro trimestre, o aumento de custos de matérias-primas na produção de aço acabou prejudicando o desempenho consolidado da CSN – embora para o quarto trimestre, as perspectivas sejam positivas para esse negócio.

Enquanto o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado caiu 16,8% frente ao segundo trimestre, a R$ 2,7 bilhões, a receita líquida teve leve aumento, de 3%, para R$ 10,9 bilhões. O lucro líquido somou R$ 237,6 milhões, abaixo dos R$ 369,3 milhões do trimestre anterior.

Segundo o diretor de finanças e relações com investidores, Marcelo Ribeiro, foi um trimestre “bastante turbulento”, com volatilidade de preços das commodities metálicas, o minério de ferro sentindo a crise no setor imobiliário na China e os impactos da política de “covid zero” na economia chinesa e a redução dos preços do aço no mercado internacional.

“Apesar do cenário turbulento, acreditamos que fizemos nossa parte. Com aumento do volume de vendas e redução dos custos de produção, mostramos bastante resiliência nos números e nas margens”, afirmou. A piora das margens e do Ebitda, segundo ele, refletiu a “normalização gradual da rentabilidade a partir de mudança da exuberância vista na pandemia nos preços de commodities para níveis normalizados”.

Além disso, explicou o executivo, houve um aumento pontual de custos com matérias-primas, como coque e carvão, adquiridos a preços mais elevados no segundo trimestre, ao mesmo tempo em que os preços do aço cederam no mercado internacional. “Foi pontual porque os preços das matérias-primas já começaram a cair”, observou.

De acordo com Steinbruch, a redução dos custos no grupo começou a ser perseguida no segundo trimestre e, a partir do primeiro trimestre de 2023, os impactos serão mais visíveis. Ao mesmo tempo, a siderúrgica será mais agressiva do ponto de vista comercial, não necessariamente via preço mais baixo.

Junto com os resultados, a CSN confirmou a redução dos investimentos planejados para este ano, de R$ 4,1 bilhões para R$ 3 bilhões, colocando os desembolsos em um patamar “condizente” com o momento econômico atual. A siderúrgica está trabalhando neste momento no orçamento para 2023, mas a tendência é que os desembolsos fiquem acima do realizado neste ano.

A companhia também elevou para a faixa de 1,75 vez a 1,95 vez a meta de alavancagem financeira em 2023, após alcançar 1,7 vez após o desembolso para aquisição da antiga LafargeHolcim Brasil, rebatizada CSN Cimentos Brasil.

Conforme Ribeiro, haverá desafios para manter a alavancagem dentro da nova faixa, num momento de desvalorização dos preços do minério de ferro, mas a avaliação é que será possível. A CSN estimou entre US$ 80 e US$ 90 por tonelada o preço da commodity para projetar o novo intervalo.

“Há perspectiva de preços de commodities mais baixos para 2023, mas, mesmo com esse ajuste, a CSN vai conseguir manter geração de caixa suficiente para evitar que a alavancagem vá acima de 1,95 vez”, disse.

Apesar da piora do cenário macroeconômico e da elevação da alavancagem financeira, o grupo seguirá atento às oportunidades de fusão e aquisição no país e no mercado internacional, destacou Steinbruch. A percepção, afirmou o empresário, é a de que os juros mais altos no mundo favorecerão novas rodadas de consolidação.

“A prioridade estratégica é investir fora do Brasil”, disse, lembrando que os múltiplos da CSN ainda são penalizados pelo fato de o grupo não ter operação relevante fora do país. Os esforços de internacionalização, segundo ele, valem para todos os negócios.

Conforme o empresário, o grupo também está preparado para fazer “eventuais movimentos estruturados financeiros”, com vistas a crescimento em cimento, energia e também em siderurgia.

“A premissa é manter a alavancagem abaixo de uma vez, porém dentro das oportunidades que surgem”, comentou, acrescentando que custo baixo, pagamento de dividendos e qualidade dos produtos também são prioridades na companhia.

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2022/11/03/csn-esta-preparada-para-momento-mais-dificil-diz-steinbruch.ghtml

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