CSN investe para substituir aço oriundo da China

Martinez, diretor-executivo: “Queremos ocupar esse espaço, substituindo importações, e atender outros mercados” — Foto: Silvia Zamboni/Valor
Martinez, diretor-executivo: “Queremos ocupar esse espaço, substituindo importações, e atender outros mercados” — Foto: Silvia Zamboni/Valor

Valor Econômico – A Cia. Siderúrgica Nacional (CSN) quer ocupar um mercado de aço de alto valor agregado que é atualmente atendido por material importado, a quase totalidade da China. Esse tipo de aço, qualificado como pré-pintado, é usado na fabricação de bens de linha branca, como geladeiras, freezers, máquinas de lavar e outros, e na construção civil como painéis de revestimento em fachadas de edifícios.

A empresa prepara um investimento estimado entre R$ 350 milhões e R$ 400 milhões para montar uma unidade de produção no Brasil, em local a ser definido ainda este mês ou até final do ano. A siderúrgica adquiriu, na Coreia do Sul, uma instalação completa de pintura das chapas, que terá capacidade anual de fazer 160 mil toneladas, informou ao Valor o diretor-executivo comercial da CSN, Luis Fernando Martinez.

Segundo o executivo, a instalação de pintura, com tecnologia japonesa da fabricante Chugai-ro, pertencia à siderúrgica sul-coreana Hyundai Steel e estava paralisada desde setembro de 2020. Já se encontra na fase de desmontagem e começa a ser embarcada para o Brasil ainda neste mês.

“A gente estava analisando esse projeto há algum tempo, visando agregar valor ao aço zincado da CSN”, afirma o executivo. Para fazer o pré-pintado a empresa utiliza bobinas de aço zincado de própria fabricação.

Martinez disse que há alguns potenciais sites onde a instalação será montada – Araucária (PR), onde já tem operações; Volta Redonda (RJ), junto à usina de produção de aço da CSN; em algum lugar do Estado de São Paulo ou mesmo em um site no Nordeste. Todas essas possibilidades, com mais ou menores chances, dependem de negociações de obtenção de incentivos, além da questão logística e pessoal capacitado.

A previsão da CSN é fazer o início de operação dessa unidade industrial no máximo em 18 meses, buscando acelerar a construção e iniciar vendas ao mercado no primeiro trimestre de 2024. Araucária e Volta Redonda têm a vantagem de já disporem de infraestrutura pronta. “Isso agiliza”, diz.

O executivo informa que o Brasil, no ano passado, importou 165 mil toneladas de bobinas de aço pré-pintado. “A princípio, queremos ocupar esse espaço, substituindo importações”, diz. Quase 95% do material é oriundo da China, com desembarques em portos de Santa Catarina. São Francisco do Sul, Imbituba e Itajaí respondem por quase 91%, conforme dados de importadores.

No Brasil, a CSN é a única fabricante de aço pré-pintado, com uma instalação de laminação em Araucária. Tem uma capacidade instalada de 120 mil toneladas ao ano. “Estamos operando no máximo da capacidade”, afirma Martinez, destacando que é um mercado em franca expansão.

O mercado brasileiro desse tipo de aço movimentou de 259 mil toneladas no ano passado, segundo dados do Instituto Aço Brasil e Ministério da Economia. Desse volume, 156,8 mil toneladas foram absorvidas pelo setor da construção civil e 45,1 mil na fabricação de utilidades domésticas e comerciais. Bens de capital, com destaque para bens eletroeletrônicos, respondeu por 33,2 mil toneladas. Automotivo, quarto maior mercado, teve um volume de 11,6 mil toneladas.

Entre os usuários de material pré-pintado no país, apurou o Valor, destacam-se empresas como Whirlpool, Panasonic, Metalfrio, Kingspan (painéis), Metalúrgica Barra do Piraí, Marko (telhas), Imbera, Panatlântica, Facchini (furgões), J. Paulatti, Fiat, Elevadores Atlas e Frigelar, dentre outras.

As importações no país tiveram um crescimento continuo nos últimos cinco anos: saiu de 73 mil toneladas em 2017, para 95 mil no ano seguinte, indo a 119 mil em 2020 e atingindo 165 mil no ano passado, conforme dados oficiais.

O diretor da CSN informa que vêm crescendo as aplicações de chapas pré-pintadas em vários setores, muitos dos quais não consegue atender. Ele menciona, por exemplo, implementos rodoviários, fabricação de furgões (que utiliza muito o concorrente alumínio), fachadas de edifícios que imitam madeira e muitas outras aplicações em arquitetura.

Segundo Martinez, no site de Araucária a CSN entrega o material aos clientes já cortado no formato pedido, pintado e embalado com filme plástico. Pronto para entrar na linha de produção. “Teremos condições, com a nova linha – que vai aumentar ainda a qualidade – de substituir o chamado aço pós-pintado [pintura feita no site do cliente ou prestador de serviço] com pré-pintado. Mais um mercado”, afirma o executivo. “Dos importados, chega muito material que não atende qualidade”, diz.

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2022/11/01/csn-investe-para-substituir-aco-oriundo-da-china.ghtml

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