Metrô CPTM – Após ser finalista da concorrência de operação do Metrô de Quito, o Metrô de São Paulo finalmente venceu sua primeira concorrência internacional. A companhia estadual participará da gestão técnica e fiscalização da implantação de um sistema de monotrilho em Santiago de Los Caballeros, segunda maior cidade da República Dominicana.
O Metrô é parte do Consórcio Monotel SDC, que também inclui as empresas Concremat, Itans e Grupo AM. O projeto do monotrilho de Santiago é o primeiro a ser implantado na América Central e Caribe e terá 16 km e 16 estações. Mas, como todo empreendimento pioneiro em países sem tradição de mobilidade sobre trilhos, a nova linha apresenta várias questões preocupantes.
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O governo federal da República Dominicana, que banca o projeto, já iniciou a construção das primeiras estações em março, mas este site não conseguiu encontrar qual será o fornecedor dos trens de monotrilho. Nas imagens ilustrativas fornecidas pela presidência do país, há desde trens da Alstom (Bombardier) a modelos artísticos de monotrilho.
Segundo informações publicadas em dezembro, o governo preparava uma licitação para adquirir 15 trens, mas a mídia local não cita a escolha de um fornecedor até o momento.
Além do monotrilho, Santiago de Los Caballeros terá um teleférico conectado à linha na futura estação Central, que também contará com terminal de ônibus e de bicicletas elétricas. A capacidade do sistema será de 200 mil passageiros por dia e a previsão é que seja inaugurado no início de 2024, prazo bastante otimista.
Experiência em monotrilho, mas longe de um projeto funcional
A participação do Metrô de São Paulo foi justificada pela empresa como decisiva para a escolha do consórcio por conta “dos atestados de experiência” relacionados à operação da Linha 15-Prata, inaugurada em 2014. “Isso será feito com a expertise do Metro de São Paulo na implantação e operação de sistema de monotrilho de alta capacidade e de seus técnicos, que vão trabalhar neste projeto por 36 meses“, diz nota.
No entanto, a experiência prática do Metrô com o monotrilho até aqui tem sido um tanto atribulada. A empresa ainda está longe de atingir a meta de demanda da Linha 15-Prata, que sofre com falhas e intervalos elevados, sem falar nos dissabores causados por problemas que afetaram o Consórcio CEML, que incluíram vigas-trilho irregulares e os trens Innovia 300, que tiveram que ser modificados por conta do sistema “run-flat” apresentar desgaste nos pneus.
Isso sem falar na “novela” Linha 17-Ouro, que está em construção há mais de 10 anos e já passou diversos contratos rescindidos, licitações parando na Justiça e troca de fornecedores. Ou seja, soa irônico que o Metrô, com tanta bagagem em sistemas convencionais, acabe vencendo sua primeira concorrência internacional justamente por um tipo de modal em que ainda sofre para tornar viável.
Por outro lado, pode ser justamente o duro aprendizado um fator positivo à essa altura já que a empresa acumulou bastante conhecimento no sistema, momento em que seria oportuno lançar novos projetos semelhantes. No entanto, a atual gestão Doria/Garcia contribuiu para menosprezar o modal, algo que, quem sabe, o novo governo se mostre “menos míope”.
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