O Diário (Mogi das Cruzes-SP) – A empresa Suzano, fabricante de papel e celulose, está entre as três gigantes do setor – as outras são a Eldorado e Brascell – que se valem de uma medida provisória do governo federal, editada em setembro do ano passado, a qual permite a construção de novas ferrovias privadas, destinadas a melhorar a logística e a competitividade de seus produtos.
A Suzano, que já percorre, entre outros, os trajetos ferroviários entre Jacareí e Santos, pela malha da MRS Logística, e de Aparecida do Taboado (MS) até o porto de Santos, pelas malhas Norte e Paulista, da concessinária Rumo, está solicitando, apesar do cenário de cautela na economia, autorização para a implantação de quatro das chamadas shortlines, linhas de traçados relativamente curtos, para ser utilizadas por locomotivas e vagões encomendados pela própria empresa.
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Os novos empreendimentos estão distantes da sede da empresa, mas são necessários para facilitar o transporte de seus produtos em estados onde os sistemas viários não ajudam tanto.
Nos planos da Suzano, ainda sem prazo para execução, estão as linhas do perímetro urbano de Três Lagos (MS), com 24,7 km; em São Luís (MA), de 5 km; Três Lagoas a Aparecida do Taboado (MS), de 136 km; e de Ribas do Rio Pardo a Inocência (MS), com 231 km. Juntos, os pedidos totalizam R$ 2,9 bilhões”, segundo informa a Revista Ferroviária, publicação especializada em assuntos ligados às ferrovias.
A revista informa ainda que com ou sem ferrovia privada, a Suzano já teria na ponta do lápis um investimento de R$ 19,3 bilhões no chamado Projeto Cerrado, que prevê a construção de uma nova planta em Ribas do Rio Pardo, no Mato Grosso do Sul, com capacidade de 2,55 milhões de toneladas/ano, cuja previsão de início de produção é 2024.
Hoje a empresa produz 11 milhões de toneladas anuais (sendo 10 milhões de toneladas só para exportação e o restante distribuído no mercado interno), advindas de 11 unidades industriais espalhadas pelo Brasil. Esse número subiu depois que a Suzano consumou a fusão com a Fibria, no início de 2019.
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) mostra dados que apontam o crescimento do transporte de celulose por ferrovias no País:entre os anos de 2020 e 2021, em plena pandemia, a elevação foi de 11,61%, chegando a 9 milhões de toneladas úteis. Algo que reflete diretamente na indústria ferroviária, que viu o número de vagões encomendados chegar a 1.200 e mais 20 locomotivas, em 2022.
Como cabe às empresas de celulose adquirir o seu próprio material rodante, segundo a Revista Ferroviária, desse total de vagões, 500 foram encomendados pela Suzano.
Todos esses números e tendências apontam para um caminho: a retomada, pouco a pouco, do protagonismo do modal ferroviário no transporte de cargas de maior tonelagem.
Resta agora aos governantes darem início à recuperação do transporte de passageiros, como prometido para São Paulo com o Trem Intercidades, que deverá cobrir, inicialmente, o trajeto entre a Capital e Campinas e, logo em seguida, entre a Capital e o Vale do Paraíba, que poderá contemplar a região de Mogi das Cruzes.
Na cidade e região, o transporte de passageiros já foi predominante até o início do século passado, quando o modal rodoviário foi relegando as ferrovias a um segunda plano e os ônibus assumiram o lugar dos trens de passageiros.
Só agora com o governo Bolsonaro que a mídia viu que ferrovia é essencial? Tarde demais não é imprensa? Agora é ladeira abaixo no “novo” governo.