Terra – Pesquisadores da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, descobriram que a aglomeração faz com que o tempo pareça passar mais devagar. Os resultados mostram que os deslocamentos na hora do rush no transporte público aparentam ser significativamente mais longos do que outros passeios.
Segundo os cientistas, o contexto social e os sentimentos subjetivos também costumam distorcer a noção da passagem do tempo e podem ter implicações práticas na disposição das pessoas de utilizar o transporte público, principalmente após a pandemia de covid-19.
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“É uma nova forma de pensar sobre aglomeração social, mostrando que ela muda a forma como percebemos o tempo. As lotações criam sentimentos estressantes e isso faz com que a viagem pareça muito mais longa”, explica a doutoranda em psicologia Saeedeh Sadeghi, autora principal do estudo.
Realidade virtual
Os pesquisadores testaram a percepção do tempo em um ambiente imersivo de realidade virtual (RV). Mais de 40 participantes fizeram cinco viagens simuladas no metrô de Nova York, com uma duração média variando entre 60, 70 e 80 segundos, cada uma delas com níveis diferentes de aglomeração.
Durante o trajeto virtual, cada nível de lotação adicionava uma pessoa por metro quadrado, resultando em aglomerações que variavam de 35 a 175 passageiros. Após cada viagem, os voluntários deram notas de 1 a 7 para avaliar se os trajetos eram mais ou menos agradáveis, estimando o tempo de duração dos percursos.
“Os resultados mostraram que as viagens lotadas parecem demorar 10% a mais. Essa distorção do tempo se relaciona com o grau de prazer experimentado, principalmente por causa da ativação dos sistemas de defesa emocional, que são geralmente acionados quando os usuários sentem que o seu espaço pessoal é violado”, acrescenta Sadeghi.
Lotação x tempo
Segundo os cientistas, o estudo revela que a experiência cotidiana com outras pessoas aglomeradas em ambientes fechados afeta consideravelmente nossa percepção de passagem do tempo, transformando-a em algo que vai além dos minutos registrados pelo relógio.
Com base nos trajetos de trânsito que duram mais de 60 minutos por dia, os pesquisadores afirmam que um ano de deslocamento em transportes lotados adicionaria mais de 24 horas, ou três dias úteis completos, ao tempo “sentido” para chegar a um determinado destino.
“Nosso estudo sobre a natureza da percepção do tempo pode ajudar os engenheiros a projetar modelos e sistemas de transporte mais eficientes, baseados no conforto e na distribuição dos passageiros para que eles não tenham a sensação de que as viagens estão mais longas do que realmente são”, encerra Saeedeh Sadeghi.
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