Com uma visão detalhada e certeira das nuances que envolvem o mercado ferroviário brasileiro, o presidente e líder Regional para América Latina da Wabtec, Danilo Miyasato, tem na cabeça o caminho para transformar a empresa diante do cenário de instabilidade na demanda por locomotivas, seu carro-chefe no Brasil. O executivo, que está à frente da Wabtec há pouco mais de dois anos, entende que o momento das ferrovias de carga hoje é diferente do que vinha acontecendo nos últimos dez anos.
“O crescimento das ferrovias foi muito pautado em gestão de material rodante, vagões e locomotivas, e agora será focado em ganhos de eficiência e segurança, como sistemas de sinalização e outras tecnologias para melhorar a produtividade. Às vezes, com a mesma base de ativos, a ferrovia transporta mais, porque consegue ter uma velocidade maior nos trilhos. Consegue, pela segurança da sinalização, colocar um trem mais próximo do outro, ou seja, ganha eficiência no ecossistema ferroviário”, explica o engenheiro civil formado pela Universidade de São Paulo. Antes de ingressar na Wabtec (há 14 anos), ocupou cargos de liderança e passou por empresas do setor, como América Latina Logística e MRS.
Miyasato reconhece que as renovações das concessões aqueceram os setores de construção e de manutenção de via – fato que deve perdurar por um bom tempo se as autorizações e novos projetos de ferrovia vingarem no país. Isso foi rapidamente interpretado e transformado em ação pela companhia. Há cerca de dois meses, a Wabtec comprou a Super Metal, empresa brasileira de equipamentos de manutenção de via, com mais de 30 anos no mercado ferroviário e com sede em Governador Valadares (MG). A aquisição soma-se à compra da Nordco, companhia norte-americana de máquinas de via, feita em nível global dois anos antes.
Paralelamente a isso, a Wabtec foca no mercado de passageiros. O segmento não é uma novidade, uma vez que a empresa adquiriu, em 2016, a Faiveley Transport, gigante francesa especializada, entre outros, em componentes para trens de passageiros. No Brasil, a Wabtec conseguiu um importante contrato em 2022 para o fornecimento de 2,3 mil portas dos carros de passageiros para os 36 trens que a Alstom está produzindo para as linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda dos trens metropolitanos de São Paulo. Os componentes estão sendo fabricados em Contagem (MG), onde também está localizada a unidade fabril de locomotivas.
Miyasato acredita que o crescimento do segmento de passageiros é uma questão de tempo. “Há uma demanda latente. A pandemia mostrou que é interessante pensar em projetos que reduzam custos de operação. E estamos preparados para isso”, afirma ele, acrescentando que aguarda a concretização de alguns projetos, entre eles, a compra de 44 trens pelo Metrô de São Paulo.
Em meio a essa “maratona”, como o executivo diz, a empresa joga luz sobre seu portfólio sustentável, que vai desde locomotivas 100% a bateria elétrica (FLXdrive), já em produção para ferrovias dos EUA e da Austrália, até máquinas híbridas (a diesel e bateria), que, segundo ele, garantem eficiência e redução na emissão de carbono. “Vamos lançar em breve uma locomotiva híbrida, com atratividade e viabilidade econômica”, adianta.
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