Retenção de conhecimento

Oficina de locomotivas da EFC, em São Luís (MA) - Fotos: Divulgação
Oficina de locomotivas da EFC, em São Luís (MA) - Fotos: Divulgação

Operadoras investem na capacitação de mão de obra para aprimorar a manutenção de locomotivas nas oficinas

Manter uma equipe própria para manutenção de locomotivas até pode ser desafiador, mas os aprendizados internos e oportunidades de melhoria técnica têm evoluído o trabalho das operadoras logísticas: MRS, Vale, Rumo, Transnordestina (FTL) e Ferrovia Tereza Cristina (FTC). Somando, juntas, mais de 1.600 colaboradores internos, espalhados por todo o Brasil, elas são unânimes em dizer que focam na capacitação de mão de obra, primordial, inclusive, para traçar os planos futuros, como terceirização de serviços.

A MRS conseguiu explicar bem essas prioridades de trabalho no dia a dia. “A atividade de manutenção de locomotivas é estratégica aqui e, apesar de contar com importantes parceiros neste processo, entendemos como vantagens de ter equipe própria: a geração de know-how interno, a previsibilidade dos custos, a garantia de parâmetros de qualidade e a segurança dos serviços, além do processo avançado de gestão de produtividade que permite uma performance elevada na execução das atividades,” revela Gláucio Marcel, gerente geral de planejamento e controle da manutenção.

Atualmente, a MRS possui cinco oficinas de manutenção de locomotivas, localizadas nos estados de Minas Gerais (complexo do Horto Florestal, em Belo Horizonte, e oficina do P1-07, em Jeceaba), Rio (oficina de Barra do Piraí) e São Paulo (oficinas de Raiz da Serra e Jundiaí), responsáveis pela manutenção de mais de 600 máquinas, com aproximadamente 550 colaboradores envolvidos no processo.

Se dá para afirmar que uma equipe interna faz a diferença, também é consenso a dificuldade de contratação de mão de obra qualificada, além de outros aspectos, como planejamento de materiais, visto que não são encontrados com facilidade no mercado nacional. Para superar esses desafios, as concessionárias procuram parcerias de longo prazo e investem em trilhas de carreira e treinamentos internos.

Na FTL é destacada a capacitação de mulheres, que foi promovida em 2021 por meio de um curso exclusivo, elaborado em parceria com o SENAI e ministrado dentro da companhia. “A experiência foi tão positiva que já estamos com a segunda turma em andamento para Mecânicas de Manutenção Ferroviária. Assim, a empresa capacita mulheres para o primeiro emprego em áreas com o predomínio histórico do público masculino”, conta a empresa.


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A FTL atua em uma malha de cerca de 1,2 mil km nos estados do Ceará, Piauí e Maranhão, ligando três portos: Mucuripe e Pecém no Ceará e Itaqui em São Luís. Todas as oficinas e postos de manutenção passam, periodicamente por reformas, seja para aumento de produção ou para adequações com foco nas condições de segurança dos seus 52 colaboradores primários.

Dentro das oficinas, os serviços comuns realizados por colaboradores internos são: manutenções preventivas, preditivas e corretivas. Além deles, também é praticada a terceirização em alguns casos, dependendo de custos diretos e indiretos, disponibilidade de fornecedores, prazo de entrega, entre outros critérios. A FTC, por exemplo, opta por terceiros em atividades específicas, como alguns trabalhos de pintura e solda. “Os serviços são terceirizados em regime de empreitada, visto que não apresenta volume suficiente para manter colaboradores de forma permanente.”

Locomotivas da MRS são revisadas na oficina de Jundiaí (SP)
Locomotivas da MRS são revisadas na oficina de Jundiaí (SP)

A FTC tem uma oficina de locomotivas na cidade de Tubarão (SC), equipada com valas de manutenção, ponte rolante, macacos de elevação, cabine de pintura, bancadas de teste de freios, teste de governador, teste de injetor, entre outros. Além disso, a equipe é formada por um total de 19 colaboradores, divididos nas áreas de mecânica, elétrica, pneumática, solda e torno.

Planos futuros

Os projetos das operadoras são centrados, basicamente, na aprimoração do conhecimento dos colaboradores e no investimento em inovações gerais dos procedimentos de manutenção.

Segundo a Vale, o desenvolvimento de melhorias nos processos, a aquisição de novos equipamentos e ferramentas, além da constante realização de estudos de viabilidade técnica e custos, estão presentes na rotina. “Sistemas e soluções de monitoramento online dos ativos, autodiagnósticos e inspeções por imagens utilizando recursos de Inteligência Artificial são exemplos de projetos de melhoria para os processos que estão em andamento.”

A Vale é responsável pelas locomotivas da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), localizada na unidade Tubarão, em Vitória (ES), com mais de 300 profissionais de diversas especialidades, além das unidades da Estrada de Ferro Carajás (EFC) com três estruturas para manutenção, localizados em São Luís (MA), Açailândia (MA) e Marabá (PA), contando com uma equipe de cerca de 350 colaboradores.

Outro exemplo de busca constante por eficiência operacional é da Rumo. De acordo com Arthur Sartori Augusto, gerente executivo de locomotivas, faz parte da estratégia a utilização das melhores práticas da manutenção, centrada em confiabilidade, também a utilização de metodologias de lean manufacturing e a digitalização. “Estamos evoluindo muito no monitoramento dos nossos ativos, executando a manutenção de forma proativa e baseada em condições para evitar falhas e aumentar a capacidade de transporte.”

A Rumo conta com duas operações. A Norte, em Araraquara (SP), com um posto de manutenção leve (PML) e uma oficina de manutenção pesada, além do posto de abastecimento ferroviário de Tutóia, o maior da América Latina. Já a Sul, conta com alguns postos localizados em Curitiba. A principal é a oficina para manutenções pesadas, equipada com ponte rolante de 100 toneladas e com capacidade de içar uma locomotiva completa sem os truques. Na capital paranaense, tem o PML do Iguaçu e demais postos para escopos corretivos e preventivos.

A Rumo tem uma base para a manutenção de locomotivas em Araraquara (SP)
A Rumo tem uma base para a manutenção de locomotivas em Araraquara (SP)

No fim, o objetivo comum das operadoras de carga é dar um andamento satisfatório na capacitação de todos os colaboradores, sejam eles primários ou terceiros. Além disso, trabalham para elaborar procedimentos para os processos realizados nas oficinas, priorizando o uso de ferramentas tecnológicas. Dessa forma, conseguem garantir a qualidade dos serviços e reter todo conhecimento necessário.  


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