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Socadora de via modelo Mark IV, da Harsco
Socadora de via modelo Mark IV, da Harsco

Fabricantes de equipamentos de via estão otimistas com o mercado

As fabricantes de equipamentos de via estão investindo na expansão da estrutura e ampliando a oferta de serviços com tecnologia de ponta. A Harsco Rail é um exemplo. A empresa possui um portfólio completo de equipamentos e tecnologias para manutenção, construção, inspeção de via e segurança dos trabalhos, como socadoras, esmerilhadoras, desguarnecedoras, Utility Track Vehicles (UTVs), Hy-Rail, New Track Construction (NTC) e Roadworker Protection System (RWPS).

O diretor regional da Harsco, Rafael de Araújo, avalia a demanda atual das ferrovias: “Na parte de equipamentos, temos visto uma demanda crescente por esmerilhadoras dos mais diversos portes. Se considerar a tecnologia, os pedidos são por serviços de inspeção e medição de via. Também existe uma preocupação, cada vez maior, pela segurança dos trabalhadores.”

Para corresponder às expectativas dos clientes, a Harsco tem programado o lançamento de um novo modelo de socadora, e também uma nova tecnologia para inspeção e prospecção de via. O diretor não detalha as novidades, mas revela as encomendas fechadas para os próximos meses: UTVs para Estrada de Ferro Carajás (EFC), operada pela Vale, e perfilômetros para o Metrô de São Paulo. Esse último é considerado um equipamento altamente tecnológico, que mede diversos parâmetros das rodas, além de trazer relatórios em tempo real.

Um dos destaques do portfólio da fabricante suíça Matisa é o sistema Medal. Também conhecido no Brasil como telemetria e tecnologia Comet (Connection of Matisa Embedded Technology), ele permite a coleta, em tempo real, de inúmeros dados e parâmetros de equipamentos de via, necessitando apenas de conexão com a internet. “Esse avanço tecnológico permite a coleta de dados eficiente, rapidez na circulação da informação e redução dos custos com manutenções corretivas”, explica o diretor geral da filial da Matisa no Brasil, Bruno Bonella.

Renovadora da Matisa, modelo P190, em operação na EFVM

Na sua avaliação, as ferrovias têm buscado soluções mais sustentáveis e otimização de gastos com manutenção. Segundo ele, alguns clientes já procuram equipamen tos que ofereçam eletrificação do sistema de motorização ou, ainda, com predisposição para uma futura adaptação. Sobre as próximas encomendas, Bonella não dá detalhes, pois ainda estão em fase de negociação, mas conta que, recentemente, foram entregues duas máquinas de grande porte para a MRS, uma desguarnecedora de lastro modelo C752C, que já está em operação, e um trem de renovação modelo P 190, em fase de comissionamento.

Negociações em curso

A Loram do Brasil tem aproveitado as oportunidades que surgem pós-renovação das concessões. Em 2022, a empresa assinou um contrato full service com a Rumo, com prazo de 15 anos para o esmerilhamento de trilhos nas Malhas Norte e Paulista, entre Rondonópolis (MT) e Santos (SP). A parceria chamou atenção do mercado por ter sido pioneira no segmento de manutenção de via.

Para o diretor geral da companhia, Murilo Martins, o setor ferroviário brasileiro está cada vez mais inclinado ao modelo full service. Além da Rumo, a empresa espera fechar contratos de longo prazo com outras concessionárias. Em paralelo, vem aumentando sua estrutura no Brasil. De uma pequena filial, a companhia ganhou o status de subsidiária da fabricante norte-americana Loram Maintenance of Way. A equipe cresceu e agora conta com cerca de 65 colaboradores. “Estamos em constante evolução com as ferrovias brasileiras para implementarmos o full service em todo território nacional. Procuramos agregar valor, e o nosso plano é crescer ainda mais nos próximos anos”, comenta Martins.

O ineditismo do contrato Rumo-Loram tem inspirado outras fabricantes. Parcerias de longo prazo com as ferrovias também estão no radar da Matisa, por exemplo. “Estudamos bastante o modelo full service no Brasil nos últimos anos. E, claro, estamos aptos para adotar esse modelo de negócio. Hoje, já temos um contrato similar na operação e manutenção do trem de renovação na EFVM. A única diferença é que, neste caso, a máquina é de propriedade da Vale”, conta Bonella. Ele se refere ao consórcio Prumat, uma parceria da Matisa com a Prumo Engenharia, contratado pela EFVM para a remodelação de 45 km de via.

Já na Harsco, as discussões com as concessionárias são para o fornecimento de esmerilhadoras, tanto no modelo de aquisição direta quanto no full service. “Vislumbramos possibilidades de contrato no modelo full service, não só em esmerilhamento, mas também nos demais serviços possíveis, como socaria e inspeção de via”, observa Araújo.

Perspectivas

O atual momento do mercado brasileiro divide opiniões. Para Rafael de Araújo, da Harsco, houve diminuição no ritmo de aquisições pelas operadoras. O motivo, segundo ele, é o atraso no cronograma de obras de algumas ferrovias, o que postergou também as encomendas. “Este ano, temos sentido o mercado mais morno. Algumas demandas surgem, mas ainda sem fechamento de negócio, que é o que importa no final das contas”, destaca.

Apesar disso, o diretor não está desanimado. “Não vivemos o melhor momento olhando o curto prazo, mas continuamos otimistas com o que está por vir nos médio e longo prazos. Os novos projetos, mais cedo ou mais tarde, precisam evoluir e ser aprovados e, consequentemente, isso vai aquecer o mercado novamente”, complementa.

A Geismar Brasil endossa a percepção da Harsco, notando o primeiro semestre de 2023 mais devagar comparado ao ano anterior. No entanto, também está confiante quanto às oportunidades de negócios para o segundo semestre deste ano. “O mercado deverá ficar muito aquecido com os novos projetos saindo do papel”, aponta Maxence Marchalot, diretor executivo da empresa.

Já Bruno Bonella, da Matisa, revela que os indicadores da empresa estão positivos, inclusive a expectativa é dobrar o faturamento este ano em relação a 2022. “Acreditamos muito no potencial dos investimentos ferroviários previstos no país nos próximos 15 anos”, diz. A Loram do Brasil também demonstra otimismo, afirmando que o momento é propício para a estruturação de uma equipe e avanço da operação no Brasil.

Esmerilhadora de trilhos da Loram

“Somos um país fundamental para a alimentação mundial com a produção de grãos. Temos uma das maiores produções minerais do mundo, com qualidade de minério de ferro não encontrada em outros países. Este volume a ser transportado, somado à necessidade de infraestrutura, principalmente ferroviária, nos coloca em um excepcional momento no curto, médio e longo prazos”, pontua Murilo Martins.


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