Para Suzano, atual preço da celulose não é sustentável

Valor Econômico – A menos de um ano de iniciar as operações de seu Projeto Cerrado, que compreende a maior fábrica de celulose em linha única do mundo e o maior investimento privado em curso no país, de R$ 22,2 bilhões, a Suzano avalia que os baixos preços atuais da matéria-prima não são sustentáveis, mas que também não é possível dizer quando haverá recuperação mais consistente.

“Não é sustentável um preço de US$ 500 e pouco por tonelada porque isso faz com que muitos players percam dinheiro ao produzir celulose. A percepção é que, em algum momento, teremos um patamar maior de preços”, disse o presidente da companhia, Walter Schalka, ao comentar os resultados do segundo trimestre.

Com a implementação total do reajuste de US$ 30 por tonelada anunciado para o mercado asiático em julho, que só deve ser alcançada neste mês, o preço da celulose de eucalipto colocada nos portos chineses deve girar em torno de US$ 530 por tonelada.

Nos níveis atuais, observou o diretor comercial de celulose da Suzano, Leonardo Grimaldi, cerca de 20% da capacidade instalada de fibra curta no mundo, ou 8 milhões de toneladas, está produzindo com prejuízo.

Conforme o executivo, a demanda na China deve permanecer saudável, também por causa da sazonalidade e da parada inesperada em um grande produtor integrado local, com reflexo positivo na procura pela fibra comercializada na revenda. Em julho, a entrada de pedidos foi forte.

“A demanda na Europa permanece como foco de nossa atenção, mas há consenso de que o processo de desestocagem vai acabar logo. Dessa forma, a demanda no segundo semestre deve ser maior”, acrescentou.

Junto com o balanço, a Suzano forneceu nova data para início de operação da megafábrica em Ribas do Rio Pardo (MS) – junho de 2024. Anteriormente, a partida estava prevista para o segundo semestre do ano que vem. Segundo o diretor de Operações de celulose, Aires Galhardo, o cumprimento de marcos importantes nas obras, que já atingiram 70% de evolução, permitiu estabelecer uma data mais precisa.

Até agora, 57% do investimento já foi executado, restando ainda o desembolso de R$ 9,8 bilhões. “Mantemos a previsão de produção de 2 milhões de toneladas nos primeiros 12 meses de operação”, disse o executivo. A fábrica terá capacidade nominal de 2,55 milhões de toneladas por ano.

Se por um lado a oferta adicional de matéria-prima traz receios de mais pressão sobre os preços, os custos competitivos de Cerrado devem ampliar a distância entre a companhia e outros produtores sul-americanos da matéria-prima, que também aparecem no topo do ranking de competitividade da indústria global.

A nova fábrica terá o menor custo caixa de produção do complexo industrial da Suzano, e certamente do mundo, e deve ficar em torno de R$ 500 por tonelada nos primeiros sete anos (primeiro ciclo), caindo a R$ 400 por tonelada no segundo ciclo, pelas estimativas iniciais. “A companhia está bem preparada para o futuro. Com o Projeto Cerrado, vai adicionar margem Ebitda mais forte”, afirmou Schalka.

No segundo trimestre, o custo caixa de celulose, sem paradas para manutenção, totalizou R$ 918 por tonelada, com alta de 7% na comparação anual, porém 2% abaixo do verificado três meses antes. Gastos mais elevados com madeira têm pressionado os custos de grandes produtores brasileiros.

A expectativa é de continuidade da tendência de queda no segundo semestre, com redução potencial de um dígito médio do custo caixa na comparação entre o quarto trimestre e o registrado no segundo trimestre.

Segundo Schalka, os resultados no segundo trimestre evidenciaram a resiliência da Suzano e mostram que a companhia está “muito preparada” para navegar em diferentes ciclos. “A Suzano tem se preparado para esses momentos, sabemos que eles fazem parte do processo de volatilidade”, comentou, acrescentando que os estoques da matéria-prima, na companhia, permanecem abaixo do nível ótimo.

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2023/08/04/para-suzano-atual-preco-da-celulose-nao-e-sustentavel.ghtml

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