Valor Econômico – A agência Fitch Ratings afirmou que o aumento do preço do diesel, consequência do conflito no Oriente Médio, não deve ter impacto significativo na geração de caixa de operadoras de ferrovias, tendo um efeito neutro na boa qualidade de crédito das empresas do setor no Brasil.
“A Fitch analisa publicamente MRS Logística (‘AAA’bra), Rumo (‘AAA’bra) e VLI (‘AAA’bra). A perspectiva estável dos ratings corporativos das três empresas já incorpora a expectativa de que não haverá pressões sobre rentabilidade das companhias”, diz o relatório.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
Segundo a agência, não se antevê maiores pressões sobre a rentabilidade das companhias e os volumes por elas transportados em decorrência do atual quadro geopolítico internacional. De 7 de outubro — quando foi deflagrado o conflito envolvendo Hamas e Israel — até o momento, o preço do diesel aumentou, em média, 7%.
“Novas altas podem ocorrer, dependendo do prolongamento e da gravidade do conflito”, completa.
O diesel tem moderada representatividade na estrutura de custo das operadoras ferroviárias, e o risco de volatilidade de seu preço é mitigado por cláusulas contratuais que garantem repasse automático do aumento da cotação dos combustíveis para as tarifas.
Essas condições já foram testadas em diversos cenários de volatilidade de preços do diesel e são um importante limitador de variações relevantes nas margens operacionais das ferrovias.
O diesel representou 20% dos custos da VLI, excluindo depreciação, 34% dos da Rumo e 39% dos da MRS, no primeiro semestre de 2023.
A representatividade do combustível na estrutura de custos da VLI é mais baixa, pois a empresa consolida seu negócio portuário, que não tem custo de diesel, e detém custos referentes às operações de subconcessões de ativos da Vale. Este custo representa cerca de 15% do total da companhia, o que reduz a relevância do combustível para o total das operações.
Pelas projeções da Fitch, em 2023 e 2024, as margens Ebitda das três companhias ficarão na faixa de 40% a 42%.
“O risco de redução de volumes gerada por uma eventual retração da demanda pelo transporte ferroviário, em função do aumento do custo logístico, tem impacto limitado na qualidade de crédito das ferrovias. Ainda que os volumes transportados caiam no curtíssimo prazo, a geração de caixa das companhias seria compensada por receitas referentes aos contratos com cláusulas de “take or pay” (compre ou pague a multa), que atuam como importante suporte ao forte perfil de negócios das ferrovias brasileiras. No momento, as capacidades de transporte das três companhias classificadas, para os próximos 15 meses (2023 e 2024), já estão entre 80% e 100% contratadas”, finaliza.
Seja o primeiro a comentar