De olho no PAC, Pátria cria fundo para investir até R$ 5 bilhões nos ‘gaps’ da infraestrutura e atrai BNDES

O Globo – O Pátria Investimentos, gestora de ativos alternativos que tem cerca de R$ 200 bilhões na carteira, lançou um fundo de investimento de até R$ 5 bilhões para financiar pequenos e médios projetos de infraestrutura — um dos focos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e, segundo os sócios da gestora, um dos segmentos mais negligenciados em termos de disponibilidade de capital no país.

O veículo já atraiu R$ 1,6 bilhão em capital comprometido junto a instituições como o BNDES — com R$ 500 milhões —, o CAF (banco de desenvolvimento da América Latina) e a IFC (braço de investimento privado do Banco Mundial), além de um fundo de pensão brasileiro e do próprio Pátria.

Diferentemente de outros fundos de infraestrutura do Pátria, que costuma investir em troca de participação acionária (equity) nos projetos, o Pátria Infra Crédito FIDC investirá exclusivamente em dívida de longuíssimo prazo, adquirindo papéis como debêntures (títulos de dívida) de infraestrutura.

Foco nos pequenos

— Ninguém está fazendo isso no Brasil, financiando pequenos projetos de infraestrutura. O fundo será uma fonte de acesso a projetos com características específicas que, até então, esbarravam na falta de crédito para sair do papel — explica Marcelo Souza, sócio responsável pelas Estratégias Infra Core, Infra Crédito e Infraestrutura de Energia do Pátria. — E foi um fundo criado de maneira muito alinhada com os projetos do PAC.

A meta do veículo é captar até R$ 5 bilhões junto a investidores institucionais e, ao longo de 3 anos, financiar de 30 a 40 projetos de longuíssimo prazo em áreas como saneamento, mobilidade urbana e energia limpa e infraestrutura tecnológica.

— Fundos como esse nos dão capilaridade para apoiar empresas que não necessariamente teriam acesso ao crédito do BNDES, que exige determinados níveis de “rating” (nota de crédito) ou garantias. E, de certa forma, estaremos preparando esses projetos para, eventualmente, acessar o BNDES lá na frente — contou Natália Dias, diretora de mercado de capitais e finanças sustentáveis do banco de fomento. — A decisão de estar alinhado com o PAC trouxe um alinhamento natural com a gente, já que nosso objetivo é usar o banco como incentivador da política pública.

Programa trilionário

Em agosto passado, o governo federal lançou o novo PAC com a promessa de investimento total de R$ 1,7 trilhão, sendo que 35% viriam do setor privado.

O BNDES participou ativamente da elaboração do fundo junto com o Pátria ao longo do último ano. Posteriormente, IFC e CAF se envolveram no processo para garantir que ele atendesse suas regras de governança. O primeiro tem capacidade para comprometer até R$ 780 milhões no fundo, e o segundo já comprometeu R$ 200 milhões.

— Historicamente, a gente sempre foi capaz de, a partir de fundos captados juntamente com o BNDES e outras instituições, atrair grandes múltiplos de capital privado estrangeiro e nacional — comentou José Augusto Teixeira, sócio responsável pela área comercial do Pátria Investimentos, que, paralelamente, já captou R$ 5 bilhões dos R$ 13 bilhões que espera levantar para seu quinto fundo de participação (equity) em infraestrutura.

O BNDES não pretende, por ora, aumentar os R$ 500 milhões que comprometeu.

— Acreditamos que essa cifra seja suficiente para fomentarmos a participação do setor privado — acrescentou Natália Dias. — Nos interessou especialmente o fato de o fundo mirar investidores institucionais. Muito desse investimento no Brasil estava sendo viabilizado por debêntures incentivadas para pessoas físicas.

Nova debênture de infraestrutura

Segundo Marcelo Souza, do Pátria, o fundo será provavelmente um dos primeiros beneficiados pela nova legislação das debêntures de infraestrutura, que proporcionará incentivo fiscal para empresas emissoras. (Nas antigas debêntures incentivadas, era o investidor pessoa física que gozava de isenção de imposto ao aplicar no papel).

O fundo espera financiar de 60% a 70% de cada um dos projetos, sendo determinante a existência de contratos de longo prazo como concessões públicas e PPPs (parcerias público-privadas).

A expectativa de retorno para os investidores é de inflação, acrescida de 10% ao ano, segundo o Pátria. O estatuto do fundo proíbe investimentos em ativos que tenha o Pátria como sócio.

Fonte: https://oglobo.globo.com/blogs/capital/post/2024/02/de-olho-no-pac-patria-cria-fundo-para-investir-ate-r-5-bilhoes-nos-gaps-da-infraestrutura-e-atrai-bndes.ghtml

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