CBN Curitiba (PR) – O desrespeito à sinalização de trânsito e a falta de atenção são os principais fatores que causam acidentes com trens no Paraná. Em 2023 foram 25 acidentes em Curitiba, sendo 22 situações de atropelamentos e 3 colisões, segundo levantamento da CBN Curitiba a partir de dados de monitoramento do Corpo de Bombeiros. Ao todo foram 61 acidentes em todo o Paraná no período.
Na maioria dos casos, a falta de atenção ou desrespeito dos motoristas é o principal fator desse tipo de acidente, principalmente quando os condutores não fazem a parada obrigatória nos cruzamentos de linha férrea.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
Segundo o Código de Trânsito Brasileiro, a conduta de não parar o veículo antes de cruzar uma linha férrea é uma infração gravíssima. O especialista em trânsito, Celso Mariano, reforça que os trens sempre terão preferência a qualquer outro veículo.
O caso mais recente do descumprimento da lei aconteceu no último domingo (18), na cidade de Rolândia, interior do Paraná. O motorista de uma carreta colidiu com um trem após atravessar um cruzamento de linha férrea sem realizar a parada obrigatória. A locomotiva descarrilhou e invadiu uma casa, mas ninguém ficou ferido no incidente.
Em outras situações os acidentes acabam em ferimentos graves ou até mesmo com a morte de vítimas. No dia 23 de dezembro, um homem de 45 anos foi atropelado no cruzamento da linha férrea com a Rua das Carmelitas, no Boqueirão. Ele teve ferimentos moderados e foi encaminhada ao hospital.
Em outro caso no ano passado, duas pessoas morreram após a colisão de um ônibus escolar que transportava crianças invadir um trilho de trem em Jandaia do Sul, no interior do Paraná. Celso Mariano comenta que o aprimoramento de sinalizações, bem como campanhas de trânsito podem auxiliar a coibir esses incidentes.
Outro ponto de questionamento feitos por especialistas é em relação a presença de trilhos nos centros urbanos, como acontece em Curitiba. A avaliação é de que os riscos de acidentes são menores quando as malhas ferroviárias são construídas longe das cidades. Tal assunto foi objeto de lei sancionada no Paraná em 2021, que prevê que novos contratos de concessão de ferrovias contenham projetos de “desvios de ferrovias”.
A decisão deve ter impacto expressivo no Paraná porque nos próximos anos novas malhas ferroviárias deverão ser construídas no estado com o projeto da Nova Ferroeste, que deve conectar por trilhos os estados do Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Paraná.
No que se refere a preocupação em vista dos frequentes acidentes com trens, o Coordenador do Plano Estadual Ferroviário, Luiz Henrique Fagundes, explica que a nova malha deve passar por fora das grandes áreas com concentrações urbanas. A ideia é mudar atual cenário ferroviário no estado e retirar os trilhos que passam por dentro de Curitiba.
Atualmente o principal destino do transporte ferroviário no estado é o Porto de Paranaguá, por meio de uma linha ferroviária que conecta a região oeste com o litoral do Paraná. Na capital paranaense a linha passa entre as avenidas Prefeito Maurício Fruet e Avenida Presidente Afonso Camargo, com pontos de cruzamento para veículos em diversos trechos. Nestes locais, placas de trânsito sinalizam a necessidade da parada obrigatória e pedem para que os motoristas parem, olhem e escutem.
Be the first to comment