Na Vale, um conselho dividido e um CEO que ganhou força na sucessão

O Globo – O conselho de administração da Vale está dividido sobre a realização de um processo seletivo para o cargo de CEO ou a recondução de Eduardo Bartolomeo ao comando da mineradora, segundo fonte próxima às discussões.

Após uma reunião de quatro horas, via videoconferência, na última sexta-feira, o conselho vai se reunir agora para bater o martelo sobre qual caminho seguir. Parte dos conselheiros defende que o encontro se dê já na quarta-feira, mas a reunião ainda não foi marcada e pode ficar para depois.

De acordo com essa fonte, acionistas estrangeiros como BlackRock e Capital, assim como conselheiros como o ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung, defendem uma solução rápida, com a recondução de Bartolomeo sem processo seletivo, para um mandato cuja duração ainda não foi definida. Essa posição também seria tacitamente aceita por Luiz Henrique Guimarães, indicado pela Cosan — gigante sucroalcooleira de Rubens Ometto —, embora o executivo se apresente como um dos candidatos mais fortes ao cargo de Bartolomeo.

Já acionistas como a Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, são contra e defendem um processo seletivo conduzida por uma firma de headhunter. Bartolomeo não estaria vetado desse processo, claro, mas teria que competir com outros nomes para ser considerado para a vaga. (O governo Lula, que já quis que o cargo fosse ocupado pelo ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, é contra a recondução de Bartolomeo.)

Na reunião de sexta, que terminou de maneira inconclusiva, o ponto mais tenso foi a recepção do relatório do comitê de pessoas que avaliou o mandato de Bartolomeo. Segundo o interlocutor do colegiado ouvido pela coluna, parte dos conselheiros questionou os pontos negativos levantados pelo relatório, como suposta falta de interlocução de Bartolomeo com o poder público e fragilidades em sua visão estratégica para companhia — especialmente quanto à competição com outras gigantes globais, como a Rio Tinto, que deu o pontapé na mina de Simandou, na Guiné, maior projeto do tipo no mundo e cujo minério de ferro terá qualidade equivalente ao de Carajás.

O relatório foi produzido por um time formado por quatro dos 13 conselheiros da Vale.

Volta ao jogo

A indefinição é, por ora, uma vitória para Bartolomeo, que vem fazendo campanha junto aos acionistas para continuar no cargo.

Embora tenha reconhecidamente elevado a segurança das operações da Vale após as tragédias de Mariana e Brumadinho, o executivo entrou na mira do governo Lula e até de alguns acionistas, que viam na sucessão a chance de nomear algum executivo mais alinhado com sua visão para a companhia.

Por causa disso, seu nome era quase dado como descartado até algumas semanas atrás. Agora, ao que parece, o executivo ganhou alguns acionistas de peso a seu favor.

Fonte: https://oglobo.globo.com/blogs/capital/post/2024/02/na-vale-um-conselho-dividido-e-um-ceo-que-ganhou-forca.ghtml

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