Valor Econômico – A Vale divulga nesta quarta-feira, após o fechamento do mercado, o balanço do primeiro trimestre. Os relatórios compilados pelo Valor mostram que os dados para lucro, receita e lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) deverão ficar abaixo os patamares de um ano antes.
O Valor compilou estimativas de três bancos: Citi, Itaú BBA e BTG Pactual. A média para o lucro líquido ficou em US$ 1,67 bilhão, o que, caso se confirme, significará uma queda de 9,09% frente a igual período do ano passado. Para a receita líquida, a projeção média de US$ 8,28 bilhões, significaria uma queda de 1,82%, enquanto a estimativa média de US$ 3,385 bilhões para o Ebitda apontaria para um recuo de 5,34%.
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Mas, mesmo assim, a visão dos analistas é positiva sobre os dados que serão divulgados pela companhia no fim do dia de hoje. Entenda abaixo por que a visão do mercado é positiva mesmo com a esperada queda dos números frente a um ano atrás.
Por que o mercado espera um lucro menor para a Vale?
Grande parte das receitas da Vale vem do minério de ferro. Desta forma, as projeções menores que o obtido um ano antes foram diretamente influenciados pelas quedas de preços dessa commodity frente ao primeiro trimestre de 2023. Além disso, cobre e níquel, que também têm relevância na receita da mineradora, foram negociados a preços menores.
Os valores médios recebidos pela Vale no primeiro trimestre, na comparação com igual trimestre do ano anterior, foram 7,3% menores nos finos de minério de ferro; 18,8% mais baixos no cobre; e 33,3% inferiores no níquel. Nas pelotas, o preço médio realizado foi 5,8% maior que nos três primeiros meses de 2023.
Por que a visão do mercado é positiva sobre a companhia mesmo com os indicadores de lucro, receita e Ebitda possivelmente abaixo de um ano atrás?
Desde o rompimento da barragem da mina de Córrego do Feijão, em Brumadinho, em 2019, o mercado busca maior confiabilidade na produção da Vale. Afetada por restrições operacionais em Minas Gerais após o acidente, a empresa conseguiu, agora no primeiro trimestre, mostrar ao mercado a confiabilidade esperada, e justamente durante o período chuvoso — mais crítico para as operações da mineradora..
Um exemplo de como o mercado reagiu ao relatório de produção da empresa com os dados do primeiro trimestre foi o relatório do Citi. Os analistas Alexander Hacking e Stefan Weskott, afirmaram que a Vale divulgou uma produção “forte” no primeiro trimestre e embarques acima do esperado. Eles lembraram, ainda, que o crescimento da produção de minério de ferro frente aos três primeiros meses do ano passado foi atribuída, pela mineradora, à maior confiabilidade dos ativos e às maiores compras de minério de terceiros.
Entre janeiro e março, a Vale produziu 79,837 milhões de toneladas de minério de ferro, alta de 6,1% frente ao primeiro trimestre do ano passado, enquanto a produção de pelotas foi de 8,467 milhões de toneladas, crescimento de 1,8% na mesma comparação.
“Esse é o primeiro trimestre que podemos lembrar em vários anos no qual a Vale bate nosso modelo”, dizem os analistas do Citi, acrescentando que “é apenas um trimestre, mas ainda assim um sinal encorajador de que a meta agora pode ser conservadora”.
E como o mercado vê o setor de metais básicos dentro da empresa no primeiro trimestre?
As operações de cobre no primeiro trimestre tiveram performance positiva, embora abaixo do esperado. A companhia produziu, entre janeiro e março, 81,9 mil toneladas métricas de cobre, uma alta de 22,2% na comparação anual, e 39,5 mil toneladas métricas de níquel, queda de 3,7% frente ao primeiro trimestre do ano passado. A vendas de cobre somaram 76,8 mil toneladas, alta de 22,5%, enquanto as vendas de níquel recuaram 17,5%, para 33,1 mil toneladas.
Em termos de preços, a tonelada de cobre foi vendida, em média, por US$ 7.687, enquanto a tonelada de níquel comercializada teve preço médio de US$ 16.848 no primeiro trimestre.
O Itaú BBA, em relatório assinado por Daniel Sasson, Edgard Pinto de Souza, Marcelo Furlan Palhares e Barbara Soares, destaca que os preços realizados nas vendas de níquel e cobre foram menores que o previsto, resultado, segundo o banco, de uma performance abaixo do esperado para a divisão de metais básicos da mineradora.
Mesmo assim, o banco elogia o desempenho da companhia e ressalta que elevou a projeção para o Ebitda depois da divulgação do relatório de produção.
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