Poluição atmosférica mata 7 milhões de pessoas por ano

Valor Econômico – Todos os anos, o equivalente a quase a população da cidade do Rio Janeiro morre em decorrência da poluição atmosférica. São 7 milhões de mortes no mundo que poderiam ser evitadas, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) se o ar não estivesse contaminado. E uma das principais causas dessa poluição são as emissões provenientes de motores a diesel que equipam os ônibus e caminhões que circulam nas grandes cidades.

“Os caminhões, carretas e ônibus são responsáveis por 80% das emissões atmosféricas na região metropolitana de São Paulo. Além do CO 2 [dióxido de carbono], esses veículos pesados também podem emitir gases tóxicos, como os óxidos de nitrogênio”, diz Carlos Lacava, gerente do Departamento de Emissões Veiculares da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). O último relatório do grupo científico Global Carbon Budget, divulgado pelo Global Carbon Project há cinco meses, estima que as emissões de CO2 provenientes de combustíveis fósseis ultrapassaram 36,8 bilhões de toneladas em 2023, uma alta de 1,1% sobre o ano anterior.

No caso brasileiro, um agravante é a idade da frota. Em 2022, apenas 22,9% dos 2,16 milhões de caminhões em circulação no país e 20,9% dos 387 mil ônibus tinham até cinco anos de idade, segundo relatório do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças). No caso dos caminhões, 48,4% tinham de 6 anos a 15 anos de uso, enquanto 28,7% tinham acima disso. Para os ônibus, os percentuais eram de 56,2% e 22,9%, respectivamente.

O problema é que veículos antigos são menos eficientes e consomem mais combustível, com efeito direto sobre as emissões e sobre a saúde da população. “Um estudo americano de 2014 demonstrou que a mortalidade por infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC) e doenças respiratórias aumenta quando a concentração de poluentes é maior”, aponta o médico pneumologista Felipe Souza, preceptor de pneumologia do curso de medicina da PUC em Londrina (PR).

Para especialistas, a renovação da frota é fundamental para a redução das emissões. Algumas empresas já fazem testes com veículos urbanos de carga elétrica em grandes cidades. A Kibon, por exemplo, colocou, nos últimos dez meses, 25 veículos elétricos, entre caminhões pequenos e vans, para fazer a entrega dos produtos. Com a iniciativa, a empresa reduziu em 5,6% as emissões de CO2 de transporte. A meta da empresa é alcançar uma redução de 30% até 2026.

A adoção desses modelos por empresas de logística e de transporte urbano coletivo, porém, ainda é lenta. Em 2023, foram emplacados no Brasil 465 caminhões e ônibus com motores elétricos, apenas 0,5% do total de vendas de veículos pesados, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Fonte: https://valor.globo.com/publicacoes/especiais/mudancas-climaticas/noticia/2024/04/22/poluicao-atmosferica-mata-7-milhoes-de-pessoas-por-ano.ghtml

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