Valor Econômico – O grupo CCR planeja atrair novos sócios a seus negócios de mobilidade urbana e de aeroportos. O plano faz parte de uma estratégia de “reciclagem de capital”, que inclui também a venda de ativos. O objetivo principal é levantar recursos para a expansão da empresa – a perspectiva é gerar de R$ 5 bilhões a R$ 10 bilhões até 2035, afirmou o presidente, Miguel Setas, na terça-feira (28), durante evento com investidores em São Paulo.
Hoje o processo mais avançado é o de mobilidade urbana. O desenho da nova plataforma já está em discussão pelo grupo, mas ainda não há bancos contratados para a busca de novos sócios estratégicos, disse ele. “Em mobilidade urbana, a CCR é o sétimo maior operador do mundo. Portanto, preferencialmente o sócio que pode estar mais próximo, que será mais adequado, é de caráter mais financeiro.”
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No caso de aeroportos, o processo depende da conclusão dos principais investimentos previstos nos contratos da CCR – que em 2021 conquistou 16 terminais. A previsão é que as principais obras sejam entregues até novembro deste ano. Na sequência, a companhia quer estar pronta para discutir operações de fusões e aquisições no setor.
Desde o ano passado, a avaliação do grupo é que o mercado de concessões de aeroportos no Brasil está fragmentado e passará por um processo de consolidação nos próximos anos, do qual a empresa quer participar. Nesse modal, o grupo vislumbra uma fusão com outro operador ou grupo financeiro para formar uma plataforma maior, que poderá atuar na América Latina.
Neste momento, a atração de sócios estará voltada às plataformas de aeroportos e de mobilidade urbana, porém, no evento, Setas afirmou que a divisão de rodovias, a principal do grupo, também deverá caminhar para esse modelo no futuro.
O plano de atração de sócios e de venda de ativos busca dar fôlego financeiro para que a companhia possa viabilizar novos projetos. “A reciclagem de capital tem duas missões: gerar valor e criar espaço no nosso balanço para aumentar o poder de fogo para continuar a crescer”, afirmou Setas.
O estoque de projetos no radar do grupo soma cerca de R$ 190 bilhões em investimentos. O foco está em novas concessões de rodovias (com R$ 125 bilhões em projetos mapeados) e de mobilidade urbana (R$ 69 bilhões). Porém, o presidente destacou que a postura da CCR seguirá seletiva.
“Teremos rigor na alocação de capital. A CCR se absteve de participar de parte importante dos últimos leilões. Participamos de um, mas com visão rigorosa de criação de valor. Esse é nosso compromisso, que queremos reafirmar”, afirmou.
A meta para a alavancagem financeira (medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado) é manter um índice entre 2,5 vezes e 3,5 vezes. O grupo encerrou o primeiro trimestre com indicador de 3 vezes.
A empresa também tem um plano de corte de gastos na operação. Os principais ganhos deverão vir das mudanças organizacionais. Um dos objetivos é enxugar a ‘holding’, que já teve redução de 30% de sua estrutura desde o ano passado, destacou o diretor financeiro, Waldo Perez. “Agora faremos uma análise profunda na plataforma. Identificamos uma série de oportunidades.”
No evento, a CCR também anunciou uma projeção de crescimento entre 8% e 10% por ano, pelos próximos dez anos, considerando o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado – perspectiva que Setas considera conversadora. “É um compromisso mínimo”, disse. A perspectiva inclui o crescimento orgânico dos contratos, possíveis repactuações e extensões de prazo das concessões e a conquista de ativos.
Outra vertente de crescimento do grupo são os negócios adjacentes associados às concessões – por exemplo, fruto de contratos imobiliários, de varejo, de energia, de telecomunicações, serviços de logística e publicidade, entre outros. Hoje essas receitas acessórias representam 6% do faturamento, o que em 2023 significou um total de R$ 1 bilhão. A previsão para a próxima década é de ao menos dobrar o volume das receitas, que deverão superar os 10% de participação no total. “Estamos muito engajados em crescer com receitas nas laterais dos negócios principais. Entendemos que vai se tornar uma vertical com relevância equivalente à de uma unidade de negócios.”
Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2024/05/29/ccr-busca-socios-para-metros-e-aeroportos.ghtml
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