Eventos climáticos se intensificam e setor de transportes busca medidas de adaptação

Valor Econômico – Os eventos climáticos extremos, como a catástrofe vivida pelo Rio Grande do Sul nos últimos dias, acenderam um alerta vermelho sobre o setor de transportes, que desde o ano passado vive uma sequência de episódios de interrupção de serviços por impactos climáticos.

No ano passado, chuvas e enchentes no Sul do país já impactaram rodovias e portos na região — embora, neste ano, os efeitos sejam muito maiores e atinjam mais áreas e estruturas. Até o fim desta segunda-feira, o governo estadual registrava bloqueios em 42 estradas. Além disso, oito rodovias federais tinham pistas fechadas e a operação ferroviária da Malha Sul, da Rumo, foi parcialmente interrompida. O porto e o aeroporto de Porto Alegre também suspenderam atividades, sem previsão de voltar a operar.

O desastre se soma a outros eventos. No início de 2023, tempestades também provocaram deslizamentos e fechamento de estradas no Litoral de São Paulo. Na região Norte, o país enfrentou uma seca histórica, que levou à interrupção do tráfego na hidrovia do Rio Amazonas, gerando uma série de problemas logísticos na região — e, tal como a crise persiste no Sul em 2024, há expectativa de que a estiagem na região Norte também aconteça novamente neste ano.

Um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), publicado no fim de 2023, também afirmou que os eventos climáticos já afetam a infraestrutura do país e apontou a necessidade de medidas de adaptação.

Entre órgãos federais, diversos estudos sobre esses efeitos também foram conduzidos nos últimos meses. A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) concluiu no ano passado um mapeamento amplo sobre os principais riscos nos portos brasileiros e constatou que as medidas de mitigação ainda eram escassas entre as autoridades portuárias. O Ministério de Transportes também realizou um levantamento sobre eventos climáticos extremos em rodovias e ferrovias, que mapeou os trechos com maiores riscos.

De forma prática, os governos e as empresas também têm sido pressionados a lidar com esses efeitos. Por exemplo, o Ministério dos Transportes tem ampliado o orçamento voltado a obras emergenciais — e, no caso do Rio Grande do Sul, já há sinalização do governo federal de que haverá recursos adicionais para apoiar a reconstrução da infraestrutura local. Porém, ainda não há um programa concreto de mitigação de riscos.

No Norte do país, também tem ganhado força medidas para reduzir os riscos. No governo federal, avança o plano de concessões de hidrovias, como uma forma de manter a dragagem regular dos rios. Além disso, indústrias do Amazonas tentam se preparar para uma nova seca na hidrovia. As empresas e a operadora portuária Chibatão realizaram estudos, entregues ao governo federal, para apoiar as obras de manutenção da hidrovia e planejam instalar um porto flutuante no Amazonas, caso a nova seca se confirme.

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2024/05/07/eventos-climaticos-se-intensificam-e-setor-de-transportes-busca-medidas-de-adaptacao.ghtml

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