Primeira ferrovia na Lua pode ser construída nos próximos anos

Revista Galileu – O programa de Conceitos Avançados e Inovadores da Nasa (NIAC) selecionou seis estudos visionários para receber um financiamento de até US$ 600.000 para continuar os trabalhos nos próximos dois anos. Um dos projetos em destaque é o FLOAT (Flexible Levitation on a Track), Levitação Flexível em um Trilho, que pretende criar a primeira ferrovia na Lua.

Os trilhos não são fixos, podendo ser desenrolados diretamente no solo lunar (regolito), evitando a necessidade de grandes construções no local, ao contrário de estradas ou ferrovias convencionais. A operação ocorrerá de forma autônoma no ambiente lunar, com preparação mínima do local, e sua rede de pistas poderá ser ajustada com o tempo para atender às necessidades da base lunar.

O sistema funcionará com robôs individuais, que não possuem partes móveis e levitam para reduzir o desgaste causado pela poeira lunar, sem precisar de pernas ou rodas. Eles são dispositivos magnéticos passivos que flutuam sobre uma pista flexível de três camadas: uma de grafite, que permite a sua levitação; uma de circuito flexível, responsável por proporcionar o impulso eletromagnético para movê-los ao longo dos trilhos; e uma camada opcional de painel solar para gerar energia.

A tecnologia será capaz de transportar cargas variadas a partir de 30 kg por metro quadrado, em velocidades úteis maiores que 0,5 m/s. O sistema em larga escala poderá se movimentar levando grandes quantidades de regolito por carga útil ao longo de vários quilômetros por dia.

“Esses conceitos diversos, parecidos com ficção científica, representam uma classe fantástica de estudos da Fase II”, disse John Nelson, executivo do programa NIAC no Quartel-General da Nasa em Washington, em comunicado. “Nossos colegas do NIAC nunca deixam de surpreender e inspirar, e esta classe definitivamente dá à Nasa muito o que pensar em termos do que é possível no futuro.”

O projeto liderado por Ethan Schaler, do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa no sul da Califórnia, poderá apoiar operações diárias de uma base lunar sustentável já na década de 2030.

Outros projetos aprovados

Os estudos selecionados incluem ideias como um telescópio óptico baseado em fluidos, um foguete de plasma pulsado para viagens rápidas a Marte, e um observatório de rádio de baixa frequência para estudar exoplanetas. Esses projetos representam conceitos inovadores que podem ser cruciais para futuras missões espaciais da Nasa.

O projeto do Telescópio Fluidico (FLUTE) propõe criar um grande observatório óptico no espaço usando moldagem fluida de líquidos iônicos. Este conceito inovador pode ajudar a investigar alvos astrofísicos prioritários da Nasa, como exoplanetas semelhantes à Terra, estrelas de primeira geração e galáxias jovens. O responsável pela elaboração é Edward Balaban, do Centro de Pesquisa Ames da Nasa, localizado no Vale do Silício, na Califórnia.

A ideia do Foguete de Plasma Pulsado, liderada por Brianna Clements da Howe Industries em Scottsdale, no Arizona, pretende desenvolver um sistema de propulsão que utiliza pacotes de plasma gerados por fissão para impulsionar a nave. Este sistema inovador poderia reduzir consideravelmente os tempos de viagem entre a Terra e qualquer destino no sistema solar.

O Grande Observatório para Comprimentos de Onda Longos (GO-LoW) pretende ser uma nova abordagem para a astronomia da Nasa, usando uma mega-constelação de rádio telescópios de baixa frequência. Este sistema, que utiliza milhares de SmallSats (satélites pequenos) autônomos para medir os campos magnéticos emitidos por exoplanetas e energia escura, conta com a liderança de Mary Knapp do MIT em Cambridge, Massachusetts.

Um outro gerador irá usar Energia de Célula Termoradiativa Radioisotópica para explorar novas fontes de combustível no espaço. Essa tecnologia poderá ter o potencial para operar de forma mais eficiente do que os geradores de energia tradicionais da Nasa.

Além deste novo sistema poder viabilizar espaçonaves de exploração e ciência menores no futuro, que não seriam capazes de transportar sistemas de energia solar ou nuclear volumosos. A elaboração desse novo sistema é liderada por Stephen Polly, no Instituto de Tecnologia de Rochester, em Nova York.

Já o projeto ScienceCraft propõe distribuir sensores baseados em pontos quânticos em toda a superfície de uma vela solar, transformando-a em uma imagem inovadora. A física quântica permitiria à agência espacial realizar medidas científicas estudando como esses pontos absorvem a luz.

Quando os sensores utilizarem toda a área da vela solar, será possível criar espaçonaves mais leves e econômicas para transportar imagens por todo o sistema solar. O estudo é liderado por Mahmooda Sultana da Nasa no Centro de Voo Espacial Goddard em Greenbelt, Maryland.

Após a conclusão da Fase II, esses estudos poderão avançar para a fase final do NIAC, ganhando financiamento adicional e consideração de desenvolvimento para se tornarem uma futura missão aeroespacial.

Fonte: https://revistagalileu.globo.com/ciencia/espaco/noticia/2024/05/primeira-ferrovia-na-lua-pode-ser-construida-nos-proximos-anos.ghtml

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