Valor Econômico – A Vale vê potencial para aumentar de forma significativa a venda de minério de ferro para o Oriente Médio com o desenvolvimento de “megahubs”, disse nesta quinta-feira (13) o diretor presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo. “Podemos ser muito grandes no Oriente Médio”, disse Bartolomeo.
O executivo afirmou que atualmente a mineradora vende 27 milhões de toneladas de minério de ferro por ano para o Oriente Médio e tem perspectiva de mais do que dobrar o volume chegando a 60 milhões de toneladas ou 70 milhões de toneladas para a região. Ele não citou prazos.
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Bartolomeo participou nesta quinta-feira (13) de painel sobre a geoeconomia da mineração e os minerais críticos no FII Priority Summit, encontro internacional de líderes e executivos promovido pela Arábia Saudita, no Rio.
Os “megahubs” são complexos industriais nos quais é possível produzir aço a partir de produtos baseados em minério de ferro de alta qualidade que ajudam a aumentar a produtividade das siderúrgicas e reduzir as emissões de gases poluentes. Um desses produtos é chamado de HBI, que pode ser produzido em unidades instaladas nos “megahubs”.
A Vale olha para alguns locais no Oriente Médio, onde poderia desenvolver os “megahubs”, incluindo Omã, onde a empresa tem uma pelotizadora, Abu Dhabi e a própria Arábia Saudita. O investimento no reino saudita poderia atender a demanda local por aço, mas em outros locais do Oriente Médio os produtos seriam produzidos sobretudo para exportação.
“Percebemos os ‘megahubs’ como uma solução para os produtores de aço descarbonizarem as operações. O setor siderúrgico responde por cerca de 10% das emissões globais e precisa de metais [como insumo na produção de aço]”, disse Bartolomeo.
Segundo ele, a Vale quer selecionar países competitivos na produção de energia e esses lugares estão no Oriente Médio, nos Estados Unidos e no Brasil. “Consideramos ainda Arábia Saudita para [desenvolver projetos de] hidrogênio [em parcerias]. O ‘megahub’ permite combinar demanda e oferta em um só lugar”, afirmou.
Sobre o cenário de oferta e demanda global, Bartolomeo disse ver a China em um “platô”, mas ainda “decente”. O executivo lembrou dos períodos de superciclo vividos pela China nos anos 2000, 2010 e 2020, quando o país passou a produzir cerca de 1 bilhão de toneladas de aço por ano.
Bartolomeo disse ver condições para um superciclo no níquel, no lítio e no cobre e uma demanda com potencial de crescimento no minério de ferro de alta qualidade.
O executivo participou do painel ao lado da vice-presidente executiva de relações institucionais e assuntos governamentais da Sigma Lithium, Lígia Pinto, do presidente da Lilac Solutions, David Snydacker, e do presidente da Integra Capital, Jose Luis Manzano.
Sobre a demanda chinesa por commodities, a executiva da Sigma Lithium disse seguir otimista: “Ainda que a China esteja em uma projeção de platô, estamos falando de 2 bilhões de consumidores. Quando estamos parados em 2 bilhões é ótimo, é estável. Para nós, ainda é muito atrativo”, afirmou.
Lígia Pinto afirmou que a Sigma está em um momento de expansão e pretende ser o terceiro player do mundo daqui a dois anos: “Estamos aqui para sermos fornecedores de qualquer mercado.”
Quanto à produção de minério de forma mais sustentável, o presidente da Vale acredita que a companhia está bem posicionada, sobretudo pensando em subsídios, como o Ato de Redução de Inflação (IRA, na sigla em inglês) nos Estados Unidos, que concede incentivos para a indústria que aposta em saídas sustentáveis.
“Conseguimos quase US$ 300 milhões para implementar nossas fábricas de briquetes nos EUA. Então, é verdade, amamos a IRA”, disse Bartolomeo, que citou ainda o plano da Vale de triplicar a produção de cobre e dobrar a de níquel.
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