Valor Econômico – Um maior volume de vendas de minério de ferro e alta do preço do cobre devem dobrar o lucro na Vale no segundo trimestre. De acordo com cálculos do Valor baseados em estimativas de cinco instituições financeiras, a mineradora brasileira deve atingir resultado positivo, na última linha do balanço contábil, de US$ 1,8 bilhão, na média das projeções, entre abril e junho deste ano, aumento de 98% ante os US$ 892 milhões do mesmo período do ano passado.
No segundo trimestre, o valor recebido pelo cobre (preço realizado pela Vale) ficou, em média, US$ 9,2 mil por tonelada, alta de 31% sobre igual período de 2023.
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Analistas consultados pelo Valor lembraram ainda que o forte crescimento projetado para o lucro se explica também pelo fato de a base de comparação ser baixa em relação ao mesmo trimestre de 2023, quando o ganho da mineradora foi inferior a US$ 900 milhões (US$ 892 milhões).
As expectativas de lucro só não serão confirmadas, contudo, na eventualidade de a empresa fazer alguma provisão no balanço do trimestre. Em condições normais, a Vale costuma fazer esse tipo de reserva no quarto trimestre do ano.
O Valor compilou estimativas dos bancos Itaú BBA, Bradesco BBI, BTG Pactual, Citi e Ativa Investimentos
A receita líquida da companhia deve atingir US$ 10,1 bilhões, o que representaria aumento de 4,9% em relação a igual período do ano anterior, de acordo com os analistas consultados.
A projeção para o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ficou em US$ 4,06 bilhões, aumento de 5% ante o segundo trimestre de 2023.
A mineradora, que tem um processo de sucessão da presidência em andamento, divulga o balanço contábil do segundo trimestre na quinta-feira (25) depois do fechamento dos mercados. No dia seguinte, a Vale realiza teleconferência de resultados para analistas e investidores.
Na visão do BTG Pactual, a Vale deve entregar resultados abaixo da média, o que leva o banco a esperar para ter uma visão melhor sobre os números da companhia. “As negociações da Samarco parecem estar progredindo bem e prevemos um desfecho melhor do que o esperado pelo mercado, enquanto o conselho parece estar abrindo caminho para uma sucessão tranquila de CEO.
O desempenho operacional continua a ser uma questão fundamental para os investidores, mas esperamos que a administração continue a reduzir os riscos”, disse o banco em relatório.
A Vale tinha a expectativa de anunciar um acordo definitivo para a tragédia de Mariana (MG), ocorrida em 2015, ainda no primeiro semestre deste ano, o que não ocorreu.
Conforme o relatório de produção e vendas divulgado em 16 de julho, a Vale fechou o segundo trimestre com produção de 80,59 milhões de toneladas de minério de ferro, aumento de 2,4% em relação a igual período do ano passado.
As vendas da commodity de abril a junho somaram 79,79 milhões de toneladas, aumento de 7,3% sobre igual período do ano passado.
A Vale informou na ocasião que o resultado operacional de abril a junho foi assegurado por “performance robusta” do empreendimento S11D, em Carajás, no Pará, e pela operação de Vargem Grande, em Minas Gerais. O S11D alcançou, segundo a Vale, recorde para um segundo trimestre, com a produção de 19,5 milhões de toneladas, alta de 1,9% sobre igual período de 2023. O sistema Vargem Grande, por sua vez, produziu 11,8 milhões de toneladas de abril a junho, aumento de 27,5% em relação ao mesmo trimestre de 2023.
Os números operacionais reforçam a previsão da própria companhia de chegar em dezembro no teto da banda fixada para 2024, que é de 320 milhões de toneladas da commodity.
Para a Ativa Investimentos, o volume de embarques de minério de ferro da Vale no segundo trimestre foi uma surpresa e traz a perspectiva positiva aos resultados financeiros. Segundo o analista da corretora, Ilan Arbetman, esse é o principal ponto que gera o aumento significativo na comparação anual: “Temos uma diferença grande que se justifica pelo volume de vendas no minério, que gerou aumento de 9% na receita desse produto.” Arbetman pondera que a diferença poderia ser maior, mas é reduzida pelo aumento no custo do minério de ferro em relação ao segundo trimestre do ano passado.
O Itaú BBA espera que os resultados mais fortes nas divisões de ferrosos e metais básicos reforcem o balanço da mineradora: “Para a divisão ferrosos, os números provavelmente serão ajudados por maiores volumes e por preços levemente melhores na comparação trimestral.” Segundo o banco, em relatório, o preço realizado do minério de ferro mais baixo que o esperado será compensado pelo maior volume de embarque e os preços realizados no cobre.
O Citi pondera que os preços realizados de minério de ferro abaixo do esperado levaram o banco a fazer uma revisão da estimativa de Ebitda após o relatório de produção, de US$ 4,1 bilhões para US$ 4,04 bilhões.
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