Tarifa congelada, teleférico, central de logística: as propostas dos pré-candidatos para a mobilidade de São Paulo

O Globo – Do usuário de transporte público ao motorista de carro, passando pelos ciclistas, pedestres e motociclistas, todos os paulistanos são impactados pelas políticas públicas de mobilidade adotadas pelos gestores municipais, e os pré-candidatos a prefeito de São Paulo neste ano têm propostas diversas para a área que vão desde criar BRTs, ampliar semáforos inteligentes, até a implementação de teleféricos na cidade.

As propostas foram divulgadas na primeira série de sabatinas temáticas realizadas pela Rádio CBN em parceria com O GLOBO. Foram entrevistados representantes dos cinco pré-candidatos com maior intenção de voto na última pesquisa Quaest, divulgada em junho. As outras entrevistas temáticas serão sobre saúde, educação e ordem urbana.

Em relação às tarifas de ônibus, todos os cinco pré-candidatos sinalizam que querem manter o preço atual em R$ 4,40 em 2025, mas divergem em relação ao futuro da gratuidade da tarifa aos domingos.

Veja abaixo as principais ideias dos pré-candidatos à prefeitura de São Paulo na área de mobilidade:

Ricardo Nunes (MDB)

Caso reeleito, o prefeito deve seguir com projetos que já tem na atual gestão para a mobilidade, com um olhar mais cuidadoso para o pedestre, que já foi admitido pela gestão como uma área que deixou a desejar. Segundo o secretário de Governo Edson Aparecido, que falou à CBN e ao GLOBO sobre mobilidade, a ideia é ampliar os semáforos inteligentes, que modulam o tempo de abertura e fechamento de acordo com o tráfego e movimento de pedestres.

Outro plano é dar andamento aos BRTs Radial-Leste e Aricanduva, ambos na Zona Leste, e investir na eletrificação da frota de ônibus. Para o modal, inclusive, ele disse que “a ideia é manter” a tarifa no valor de R$ 4,40 para o próximo ano, caso haja um segundo mandato, e se comprometeu a manter a tarifa zero aos domingos e feriados.

— Adquirimos 600 ônibus elétricos, 170 já entregues, e o prefeito Ricardo Nunes assinou um empréstimo com o BNDES de R$ 4,5 bilhões para adquirir 2.500 ônibus, para dessa maneira dar um aumento extremamente significativo na mudança de matriz energética na cidade de São Paulo — falou.

Outra promessa é ampliar o programa Faixa Azul, que são as faixas exclusivas para motos em grandes avenidas da cidade. Em relação ao aumento de radares, que foi vetado por Nunes em abril, ele afirmou que há “outras medidas” como as faixas para motos e mais corredores de ônibus que podem ser tomadas para garantir a segurança viária.

Guilherme Boulos (PSOL)

Rafael Calabria, representante da área de mobilidade do psolista, disse que a pré-campanha quer construir mais corredores de ônibus, especialmente nas avenidas Radial-Leste, Aricanduva, M’Boi Mirim e Bandeirantes, além de aumentar a frota de veículos. A ideia, segundo ele, é mudar a forma de remuneração das empresas de ônibus para pagar por viagem efetuada e não pelo número de passageiros transportados.

— A princípio não vai ter uma revisão geral dos contratos, porque existem instrumentos de melhoria dos contratos, como a frequência e o pagamento por viagem realizada, que a gestão sequer implementou, então tem o que explorar ainda nos contratos atuais. Mas tem questões como essa situação do crime organizado, hoje as empresas (TransWolff e UPBus) estão com intervenção, pode ser que isso se desenrole em alguma solução mais grave — falou Calabria.

Em relação à tarifa de ônibus, ele falou que “não há o menor risco de aumento de tarifa na gestão Boulos” e que há estudos para avançar na tarifa zero gradualmente, sem explicar como seria esse avanço. Outra ideia é ampliar a eletrificação da frota dos ônibus, por meio de parceria com o governo federal para custear a política. Para proteger o pedestre, a pré-campanha propõe um grupo de trabalho para unificar políticas de calçada, de faixas de pedestre e semáforos, para que diversos órgãos pensem em conjunto as políticas para o pedestre.

Datena (PSDB)

O engenheiro Paulo Lourenço, representante de Datena na área da mobilidade, afirmou que vai investir mais em ciclovias nas periferias, já que em sua visão essas faixas exclusivas estão “nas áreas mais ricas da cidade”. Outra ideia foi ampliar os semáforos inteligentes, que alteram o tempo de abertura e fechamento para pedestres de acordo com tráfego, além de instalar sistema de nobreak nos semáforos para evitar que eles desliguem quando há queda de energia elétrica.

Outra sugestão trazida por ele é aumentar o número de radares de velocidade, contrariando o que o próprio Datena havia dito no dia anterior, quando chamou os radares de “uma sacanagem”, além de reforçar a necessidade de mais campanhas de educação no trânsito.

— A fiscalização é fundamental, a ampliação de radares é fundamental para reduzir isso (acidentes de trânsito). Os radares e as câmeras fotográficas são fundamentais. Não significa que vamos colocar radar na cidade inteira, a gente tem que mapear esses locais (com mais acidentes) — falou.

Pablo Marçal (PRTB)

Uma das principais propostas da pré-campanha de Pablo Marçal na área da mobilidade é a implementação de teleféricos, modal que seria inédito em São Paulo. A equipe diz que vai se inspirar nos modelos usados em La Paz e Barcelona. Felipe Sabará, que representou Marçal na entrevista, afirmou que os planos de expansão das faixas e corredores de ônibus continuarão conforme prevê o Plano Plurianual (PPA) 2022-2025, e defendeu o BRT na Radial Leste e na Avenida Aricanduva.

Para prevenir acidentes com pedestres, ele sugeriu investir em educação de trânsito e a reforma de calçadas, inclusive dando benefícios no IPTU para os munícipes que consertarem suas calçadas. Em relação à tarifa zero, Sabará disse que “é cedo para falar se vai manter ou não”, considerando que os subsídios às empresas de ônibus já são altos e será necessário avaliar as contas. Mas garantiu que, caso Marçal seja eleito, a tarifa será mantida em R$ 4,40 em 2025.

— Claro, dinheiro para manter a tarifa tem. A tarifa obviamente seria mantida — falou.

Tabata Amaral (PSB)

A pré-campanha de Tabata foi representada pela jornalista e cicloativista Renata Falzoni, que apontou quatro eixos de mobilidade nos quais a pré-candidata deve focar: transporte público coletivo, mobilidade ativa, gestão de trânsito e logística e segurança viária. No caso dos ônibus, ela também defendeu a mudança na remuneração das concessionárias para pagar por viagem e não por passageiro transportado. Outra ideia é ampliar os corredores de ônibus, e transferir uma fatia maior do Fundo de Desenvolvimento Urbano (Fundurb), que recebe os recursos de outorga pagos pelas construtoras que erguem prédios em São Paulo, para o transporte público.

— Existe uma caixa preta atrás de como o dinheiro repassado para as companhias de ônibus é usado. E embora os contratos atuais precisem ser revistos, eles já preveem a remuneração por serviço prestado e isso não foi mudado, então a gente tem que cair muito forte nisso porque isso é condição para ter uma eficiência maior do transporte público coletivo e ter o GPS dos ônibus, saber onde está sua condução, que todo dia terá que sair e percorrer o mesmo trajeto no mesmo horário — afirmou.

A campanha também promete eletrificar 20% da frota até 2028, caso seja eleita. Outra proposta é criar uma política municipal de logística, para resolver a entrada de cargas na cidade. Segundo Falzoni, esses centros vão receber as cargas e os entregadores irão até esses locais pegar os itens. Já em relação à segurança no trânsito, ela defende uma progressiva municipalização das calçadas, para que a prefeitura assuma a reforma delas, e mais educação no trânsito para que as regras de limite de velocidade sejam cumpridas.

Fonte: https://oglobo.globo.com/politica/noticia/2024/07/19/tarifa-congelada-teleferico-central-de-logistica-as-propostas-dos-pre-candidatos-para-a-mobilidade-de-sao-paulo.ghtml

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