UOL – Estatal alemã “perdeu controle” sobre horários dos trens, diz jornal – Atrasos e problemas de infraestrutura chegaram a tal ponto que a Deutsche Bahn parece ter desistido de manter a pontualidade. “Tabelas de horário não são mais calculadas, mas apenas estimadas”, afirma reportagem.São tantos os problemas na estatal ferroviária alemã Deutsche Bahn que a empresa parece ter desistido de assegurar que o tráfego de trens no país transcorra de maneira ordenada, afirma uma reportagem publicada pelo jornal alemão Süddeutsche Zeitung. Segundo o diário, planejar viagens de trem no país se torna cada vez mais como apostar na loteria.
“As tabelas de horário não são mais calculadas, mas apenas estimadas”, disse um membro do Conselho Administrativo da empresa ao jornal. Segundo afirmou, esse é um problema gigantesco que leva à perda de controle sobre os horários dos trens. Ele diz que, embora a segurança dos trens não seja afetada, o resultado disso é “catastrófico”.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
Dentro desse quadro, os passageiros, portanto, não podem mais confiar que os trens funcionarão da forma planejada, com as tabelas de horários se tornando cada vez menos confiáveis, após décadas de problemas de manutenção na malha ferroviária.
Novos trechos de baixa velocidade continuam sendo acrescentados em escala sem precedentes, diz o funcionário da empresa. Isso ocorre para que os defeitos nos trilhos, nas pontes ou na parte elétrica não resultem em acidentes.
Atrasos em um cada três trens
Estatísticas divulgadas recentemente pela Deutsche Bahn relevam que os trens de longa distância foram mais pontuais em julho do que no péssimo mês de julho. Mesmo assim, a taxa de pontualidade ficou em apenas 62%, ou seja, mais de um em cada três trens de longa distância (os modelos ICE e IC) tiveram atrasos de ao menos seis minutos – limite a partir do qual os trens passam a ser classificados como atrasados.
Em junho, quando enchentes e fortes tempestades derrubaram os de vez os índices de pontualidade, a taxa de atrasos foi de 53%. Não entram nas estatísticas da empresa os trens que foram completamente cancelados – algo que vem acontecendo com frequência nos trens da Deutsche Bahn.
A Deutsche Bahn passou a colocar cada vez mais trens de reserva para quando os trens regulares sofrerem atrasos tão longos que resultariam no cancelamento da jornada seguinte. O problema é que os trens reservas são, normalmente, modelos antigos, afirma a reportagem do Süddeutsche Zeitung. Segundo o jornal, os custos de utilização e as despesas com funcionários são particularmente altos, o que significa que isso se deve se tornar impraticável no longo prazo.
Infraestrutura antiquada
O problema maior da Deutsche Bahn, porém, são as inúmeras obras em andamento em uma rede ferroviária sobrecarregada e ultrapassada, o que gera atrasos significativos.
A empresa, porém, mudou seu gerenciamento de obras e quer realizar os trabalhos em períodos de tempo pré-determinados no futuro próximo. Dessa forma, a estatal quer diminuir pela metade as mudanças adicionais na tabela de horários já a partir de meados de 2026.
“A Alemanha possuí o sistema de caixas de sinalização mais antiquado da Europa”, afirmou Philipp Nagl, CEO da DB Infrago, subsidiária da Deutsche Bahn que opera a rede de trilhos e as estações de trens. O Süddeutsche Zeitung menciona ainda declarações de funcionários sobre os equipamentos ultrapassados, como painéis de controle antigos que têm de ser reforçados com fitas adesivas para não se desfazerem.
“Nas últimas décadas, muito pouco foi renovado; muito pouco foi investido em renovação”, sublinhou Nagl. A Deutsche Bahn, no entanto, planeja gastar 16 bilhões de euros na modernização da malha ferroviária ainda este ano. Nagl observa que, com isso, 2024 será o primeiro ano em que deverá ser possível conter o envelhecimento da infraestrutura e reverter essa tendência.
Seja o primeiro a comentar