Valor Econômico – Os investimentos do governo federal somaram R$ 32 bilhões de janeiro a julho, 31,8% a mais do que no mesmo período de 2023 e os mais altos para os primeiros sete meses do ano desde 2016. Os números, atualizados pela inflação, mostram alguma retomada do volume investido, mas os valores seguem baixos. Num quadro em que as despesas obrigatórias respondem por mais de 90% do Orçamento, a restrição fiscal limita a expansão do investimento. A maior parte dos gastos em áreas como infraestrutura terá de vir do setor privado.
O Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2025 prevê que os investimentos precisarão alcançar pelo menos R$ 74,3 bilhões. Para este ano, a previsão é de R$ 68,5 bilhões. “Mas a gente continua com investimentos públicos muito baixos”, diz o coordenador do Centro de Política Fiscal e Orçamento Público do FGV Ibre, Manoel Pires. Ele destaca que, no ano passado, esses desembolsos ficaram em 0,5% do PIB. Levando em conta os investimentos de estatais da União, alcançam 2% do PIB. Já os desembolsos médios das administrações fede-rais dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) estão em torno de 3,5% a 4% do PIB.
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Embora os economistas ouvidos pelo Valor defendam que a maior parte dos investimentos venha do setor privado, também afirmam que aportes da União são necessários para viabilizar alguns projetos. O economista-chefe da Leme Consultores e professor do Ibmec, José Ronaldo de Souza Jr., cita o exemplo da BR-381. Leiloada em agosto pela União, é conhecida como Rodovia da Morte e tem obras de alto grau de dificuldade técnica. O edital definiu que, de um total de 296 quilômetros, 31 serão duplicados pelo governo federal.
Para a União investir mais, é preciso enfrentar a expansão das despesas obrigatórias, afirmam especialistas em contas públicas. Entre as opções, estão a desvinculação de benefícios previdenciários e assistenciais dos reajustes do salário mínimo e alterações nos pisos de gastos com saúde e educação, hoje vinculados à receita. De janeiro a julho, a despesa total da União foi de R$ 1,325 trilhão, mas só R$ 32 bilhões foram para o investimento.
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