Valor Econômico – Uma semana depois de tomar posse como presidente da Vale, Gustavo Pimenta fez a primeira de várias mudanças que são esperadas no comitê executivo da mineradora, instância que reúne o CEO e oito vice-presidentes. Nesta terça-feira (8), a empresa informou, em comunicado, que Marcello Spinelli deixou a vice-presidência executiva de soluções de minério de ferro. É a principal área de negócios da Vale e responde pela maior parte da receita da companhia.
No lugar de Spinelli, assume interinamente, até 31 de dezembro, Rogério Nogueira, executivo de longa data da Vale e que no momento ocupava a diretoria de desenvolvimento de produtos e negócios da companhia. A saída de Spinelli, que era especulada, mostra que Pimenta começa as trocas na empresa pela área comercial de ferrosos. Dessa forma, o novo CEO busca mostrar que dará ênfase à relação com os clientes.
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Nos bastidores, as informações indicam, como mostrou o Valor, que Pimenta poderá fazer entre três e quatro mudanças de vice-presidentes. E poderá ainda ser criada uma vice-presidência nova para tratar de relações institucionais e comunicação. Esse é um cargo novo que atenderia a uma demanda do conselho de administração, para que a Vale melhore o relacionamento com públicos de interesse, incluindo o governo e comunidades, entre outros.
Spinelli é próximo de Eduardo Bartolomeo, o antecessor de Pimenta. No conturbado processo sucessório da Vale, que se estendeu ao longo de 2024, o nome de Spinelli chegou a surgir, nos bastidores, como um dos vice-presidentes que poderiam concorrer pela vaga interna à substituição de Bartolomeo. Os outros dois seriam o próprio Pimenta, que era vice-presidente de finanças, e Carlos Medeiros, vice-presidente executivo de operações. Somente um deles seria apontado para uma lista tríplice de candidatos, a ser formada também por dois nomes externos.
No dia 26 de agosto, a Vale divulgou a escolha de Pimenta como novo CEO. Ele foi selecionado a partir de uma lista que também tinha dois executivos da Anglo American. Spinelli e Medeiros nem teriam chegado a ser avaliados pelo colegiado da Vale, apurou o Valor. Mas, nos bastidores, circularam informações segundo as quais Spinelli teria se movimentado politicamente para ser indicado, o que não foi bem visto por conselheiros.
Spinelli teve longa trajetória na Vale e trabalhou com Bartolomeo, no começo dos anos 2000, na área de logística da mineradora. Em maio de 2019, logo depois de Brumadinho, o executivo assumiu a área de ferrosos da empresa após o próprio Bartolomeo ter sido apontado como CEO no lugar de Fábio Schvartsman, afastado na esteira da tragédia envolvendo o rompimento da barragem, em janeiro daquele ano.
Nos anos seguintes, a Vale teve de fazer um trabalho de retomada da produção de minério de ferro, uma vez que ficou com várias minas interditadas em Minas Gerais e com dificuldades de avançar em processos de licenciamento ambiental. Spinelli teve papel importante na retomada gradual da produção e também na implantação de um novo conceito que a Vale vem desenvolvendo, o de “megahubs”, que são complexos industriais para atender a demandas da indústria siderúrgica, o principal cliente da mineradora.
Sob a gestão de Pimenta, as licenças continuam sendo um desafio para a Vale. Em setembro, a empresa reviu a meta de produção de minério de ferro para o ano para um intervalo entre 323 milhões e 330 milhões de toneladas (ante projeção anterior de 310 milhões a 320 milhões de toneladas).
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