Valor Econômico – Durou pouco o investimento do grupo Cosan, do empresário Rubens Ometto Silveira Mello, na mineradora Vale. A companhia vende hoje o restante das ações na bolsa, conforme antecipou a jornalista do Valor Fernanda Guimarães, nesta quinta-feira (16).
A chegada do empresário à mineradora causou muito barulho em todos os sentidos. A entrada foi entendida pelo mercado como uma chacoalhada na companhia. Ometto entrou com cerca de 5% — depois reduziu essa fatia para 4%.
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No meio do caminho, tentou emplacar um executivo de sua confiança para o conselho de administração da mineradora e foi um dos principais críticos à indicação do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega ao comando e conselho da Vale.
Ometto não aguentou o tranco — e reconhece. O investimento na Vale foi bem pesado e o grupo ficou com uma margem perigosa de alavancagem, em um cenário de juros altos. E o empresário não poupa críticas à política econômica do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Não dá para carregar posição [neste cenário de juros altos]. Sinto muito [por ter de zerar posição na companhia]. Estou sendo pragmático”, disse ao Valor.
Na Faria Lima, o desembarque de Ometto na mineradora era considerado uma questão de tempo. O empresário iniciou o ano já cumprindo uma das resoluções de 2025 para manter a companhia em um limite financeiro saudável.
O empresário destaca que a Vale é uma grande empresa e que, no pouco tempo em que esteve como acionista — a Cosan entrou no fim de 2022 —, ajudou a companhia tanto na estratégia quanto na governança, conta ele.
A troca de presidente da Vale foi muito conturbada, mas o ambiente mudou depois que Gustavo Pimenta, ex-principal executivo financeiro, assumiu o comando no ano passado. “Gustavo é um gestor que fará muito pela companhia.”
Os recursos com a venda das ações serão 100% destinados ao abatimento da dívida. Com isso, a dívida deve cair de R$ 23 bilhões para R$ 14 bilhões, redução de 40%.
O empresário é conhecido pelo seu pragmatismo nos negócios. Transformou o grupo de usina e etanol dos 1980 em um dos maiores grupos de infraestrutura do país. Também é um dos maiores doadores de campanhas eleitorais.
Com a saída da Vale, o empresário diz que vai se manter ativo nos seus atuais negócios.
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