Valor Econômico – O Bradesco BBI, um dos principais credores do grupo Mover (ex-Camargo Corrêa), tenta assumir as ações da companhia no grupo CCR. Na segunda-feira (13), a empresa de infraestrutura informou, por meio de fato relevante, que recebeu uma cópia de notificação do banco, na qual o Bradesco diz que pediu para consolidar a propriedade fiduciária sobre 281,5 milhões ações da CCR detidas pela Mover – praticamente toda a participação da antiga empreiteira.
O Bradesco tem ações da CCR em garantia de dívidas do grupo Mover, que entrou em recuperação judicial em dezembro de 2024, juntamente com a cimenteira InterCement. As dívidas da companhia são estimadas em cerca de R$ 14,2 bilhões. Os credores são bancos (Bradesco, Itaú, Banco do Brasil) e “bondholders” (detentores de títulos de dívida).
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
No comunicado, o Bradesco BBI diz que solicitou ao agente escriturador da CCR que inicie os trâmites necessários à consolidação da propriedade das ações e que notificou os demais acionistas controladores da empresa de infraestrutura para eventual exercício do direito de preferência. Além da Mover, fazem parte do bloco de controle da CCR a Itaúsa, a Votorantim (ambas compraram a fatia da Andrade Gutierrez em 2022) e a Soares Penido.
A Mover rebate o pedido do Bradesco. O grupo também enviou uma comunicação à CCR sobre o tema, que foi reproduzida no fato relevante publicado.
A controladora da CCR diz que a consolidação da propriedade das ações não pode ser implementada, uma vez que o Bradesco BBI “não teria procuração válida e vigente para representar o Grupo Mover”. Além disso, o grupo afirma que o banco não teria comprovado a obtenção das autorizações dos poderes concedentes e de autoridades reguladoras necessárias à transferência de quaisquer ações detidas pelas controladoras da CCR. Atualmente, o Grupo Mover detém 14,86% do capital social da CCR.
“O Bradesco BBI não possuiria legitimidade para notificar os demais acionistas do bloco de controle da CCR para exercício do direito de preferência, bem como não teria observado os procedimentos estabelecidos no acordo de acionistas, sendo impossível a adoção de quaisquer atos com o objetivo de consolidar a propriedade fiduciária sobre as Ações Mover [ações da CCR detidas pelas Mover] sem a observância prévia de todos os procedimentos estabelecidos no acordo de acionistas”, acrescenta a Mover em notificação.
O grupo também diz que o crédito do Bradesco BBI é quirografário e está sujeito à recuperação judicial, não podendo ser pago fora dos termos do plano de recuperação judicial, que ainda será apresentado.
Questionado sobre as afirmações, o Bradesco preferiu não comentar. A Mover também não se pronunciou. Uma pessoa ligada ao grupo destacou que não houve qualquer movimentação acionária na CCR até o momento.
Seja o primeiro a comentar