Vale tem pior valor de mercado desde 2016, mostra Citi

Valor Econômico – O valor de mercado da Vale caiu abaixo dos US$ 40 bilhões pela primeira vez desde 2016 na sexta-feira (3), segundo o Citi. Nesta segunda-feira (6), as ações da mineradora voltaram a recuar e a empresa passou a valer US$ 36,8 bilhões, de acordo com dados do Valor Data. Dessa forma, a mineradora brasileira se distancia ainda mais dos principais concorrentes australianos: BHP Billiton, que ontem valia US$ 124,2 bilhões, e da Rio Tinto, com US$ 96,5 bilhões (ver quadro).

Ontem o Citi e o Jefferies informaram a decisão de cortar o preço alvo para os recibos de ação da Vale negociados em Nova York (ADRs, na sigla em inglês). Na visão das duas instituições financeiras, as perspectivas para o minério de ferro em 2025 trazem pessimismo para as ações ligadas ao setor. Pesa sobre a commodity a expectativa de um menor crescimento da China neste ano.

O Citi cortou o preço-alvo da mineradora de US$ 15 para US$ 12. O Jefferies, por sua vez, reduziu a meta de US$ 14 para US$ 11, além de ter cortado também as expectativas para a CSN Mineração.

Ainda que os bancos tenham reduzido as projeções, os novos valores ainda representam aumento em relação à cotação atual. A ação da Vale encerrou a sessão de ontem em Nova York a US$ 8,62, queda de 0,12%. No Brasil, a ação caiu 1,28%, aos R$ 52,56. O minério de ferro recuou 2,21% na bolsa de Dalian, aos US$ 102,65 por tonelada.

Fonte do mercado financeiro disse que as estimativas dos bancos priorizam os dados da economia chinesa em detrimento dos fundamentos da própria Vale. A mineradora é vista há anos como um espelho do que acontece no mercado global de minério de ferro. Procurada, a Vale não quis comentar.

O Citi estima que o preço do minério de ferro fique em US$ 95 por tonelada em 2025. No fechamento de 2024, a commodity ficou em US$ 106,73 por tonelada. Na avaliação do banco, mesmo com a queda, haverá equilíbrio entre oferta e demanda: “Esse cenário se baseia na suposição de que a produção de aço bruto da China atingiu o pico e diminuirá gradualmente. O fornecimento do Brasil e da Austrália deve ser mais forte novamente em 2025, exigindo cortes em outros lugares.” Para o banco, a Vale pode reverter o pessimismo se acelerar a geração de caixa e a remuneração aos acionistas.

Segundo o relatório do Jefferies, os preços das principais commodities metálicas não devem se recuperar em 2025, considerando a pressão exercida por questões macroeconômicas mundiais. Um cenário de melhor demanda deve se concretizar somente entre 2026 e 2027, conforme o Jefferies, o que deve elevar os preços das commodities e impulsionar as ações.

Em novembro de 2024, o UBS reduziu o preço-alvo da Vale de US$ 14 para US$ 11,50. Apesar de reconhecer os avanços da companhia naquele ano, como o acordo de R$ 170 bilhões da tragédia de Mariana (MG) e a troca de presidente, o UBS afirma que há uma preocupação sobre os fundamentos do minério de ferro a médio prazo: “Em nossa opinião, as exportações de aço da China são vulneráveis a restrições globais e é improvável que sejam totalmente compensadas por estímulos [do governo].”

O UBS espera que o minério de ferro fique em torno dos US$ 100 por tonelada em 2025, com a possibilidade de cair para uma faixa entre US$ 80 e US$ 90. Em outro relatório, em dezembro, o UBS reforçou as preocupações sobre a cotação do minério, com destaque para a esperada guerra de tarifas contra os produtos chineses a partir da posse de Donald Trump nos Estados Unidos. O banco reconhece que o presidente da Vale, Gustavo Pimenta, que assumiu em outubro, tem apresentado melhoras no desempenho operacional, mas afirma que o retorno entre 2025 e 2026 deve ser baixo pelo alto volume de compromissos assumidos.

Yuri Pereira, chefe da área de research de minério do Santander, vê o cenário para o ano com mais otimismo. O banco manteve a estimativa de US$ 15 para o ADR da Vale e projeta o minério de ferro a US$ 115 em 2025. Conforme o analista, a expectativa é de que não haja um aumento relevante da oferta neste ano, o que ajuda a manter os preços estáveis: “Não vemos um aumento relevante de oferta entre os principais ‘players’ do mundo que influencie nos preços”, disse Pereira ao Valor. Ele pondera: “Tudo depende do preço do minério e da estratégia de cada empresa. Pode ser que o preço suba e as empresas impulsionem a produção para aproveitar. Mas o mercado tem estado bem balanceado.”

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2025/01/07/vale-tem-pior-valor-de-mercado-desde-2016-mostra-citi.ghtml

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*



0