Vale deve ter resultado mais fraco no 4º trimestre

Valor Econômico – A Vale deve apresentar resultados mais tímidos no quarto trimestre. O recuo nas vendas de minério de ferro e no preço médio realizado pela empresa devem fazer com que as principais linhas do balanço da mineradora mostrem quedas em relação a igual período do ano anterior, preveem analistas. A Vale divulga o resultado financeiro na quarta-feira (19), depois do fechamento dos mercados.

Com base na média das estimativas de cinco bancos, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da Vale deve cair 38,25% no quarto trimestre, em relação a igual período de 2023, para US$ 3,9 bilhões. O lucro líquido da mineradora deve registrar queda de 18,4% no último trimestre de 2024, na mesma base de comparação, para US$ 1,9 bilhão. Já a receita líquida deve somar US$ 10,04 bilhões, com redução de 23%.

Foram consideradas estimativas dos seguintes bancos e corretoras: Itaú BBA, Santander, BTG Pactual, Citi e Ativa Investimentos. A maior expectativa de Ebitda é da Ativa, com US$ 4,07 bilhões. As menores são do Itaú BBA e do Santander, com US$ 3,8 bilhões. No lucro líquido, a maior estimativa é da Ativa Investimentos, de US$ 2,4 bilhões, e a menor, do BTG Pactual, de US$ 1,6 bilhão. As maiores expectativas de receita são do BTG Pactual e da Ativa Investimentos, de US$ 10,2 bilhões. A menor é do Itaú BBA, com US$ 9,8 bilhões.

Conforme o relatório de produção do quarto trimestre de 2024, divulgado pela Vale em 28 de janeiro, a companhia registrou produção de minério de ferro de 85,27 milhões de toneladas, queda de 4,6% frente a igual período do ano anterior. A produção de pelotas caiu 6,9% na mesma comparação, para 9,167 milhões de toneladas.

As vendas de minério de ferro da companhia no quarto trimestre somaram 69,9 milhões de toneladas, queda de 10,2% frente a igual período do ano anterior. As vendas de pelotas caíram 2,1% na mesma comparação, para 10,1 milhões de toneladas.

O preço médio realizado pela Vale nas vendas de finos de minério de ferro no trimestre ficou em US$ 93 por tonelada, queda de 21,4% frente a igual período do ano anterior. Nas pelotas, o preço médio no mesmo período foi de US$ 143 por tonelada, queda de 12,5% na comparação com o quarto trimestre de 2023.

Para Ilan Arbetman, analista da Ativa, o quarto trimestre de 2024 foi atípico em relação a iguais períodos de anos anteriores. “Normalmente, o quarto trimestre tem antecipação do consumo por conta do ano novo chinês, que é em fevereiro. Enquanto no terceiro trimestre há mais produção e menos vendas, para formação de estoque, o quarto trimestre no geral é de mais vendas e menor produção.”

Na visão do analista, essa dinâmica foi diferente em 2024 por causa da economia chinesa. “O setor imobiliário na China continua fraco, com níveis fortes de produção de aço, mas com consumo aparente fraco. A Vale precisou ampliar esforços para ter produtos de maior qualidade e reverter o prêmio negativo do minério do terceiro trimestre”, afirma Arbetman.

A Vale tem declarado que quer priorizar produtos de maior qualidade, com menor concentração de sílica. Para Arbetman, essa decisão compensou os resultados no quarto trimestre. “Compensou um pouco, com preços mais altos. Mas o grande vilão do período foram os embarques menores.”

Para o BTG Pactual, a maior qualidade dos produtos é positiva, mas ainda é necessário que a companhia solucione a lacuna entre produção e embarques. “A Vale está tomando uma decisão sensata para proteger as realizações de preços do minério de ferro e o mix de produtos, mas acreditamos que o mercado precisará de mais clareza sobre a estratégia futura para entender a extensão da lacuna entre embarques e produção no futuro.”

Conforme o Goldman Sachs, os próximos riscos de baixa para a Vale são preços mais baixos de minério de ferro, devido a uma potencial desaceleração macroeconômica mais forte do que o esperado na China; o real mais valorizado em relação ao dólar, que pode impactar negativamente a lucratividade da Vale; e melhoria mais lenta do que o esperado na dinâmica de oferta e demanda de metais básicos (cobre e níquel) para manter os preços mais baixos por mais tempo. Quaisquer outras ações judiciais relacionadas à Samarco também podem potencialmente aumentar as provisões da empresa, na visão do banco.

A divulgação na quarta-feira vai trazer também os dados consolidados de 2024. O Itaú BBA espera um Ebitda de US$ 15,6 bilhões, o que representa recuo de 12,8% ante o registrado em 2023, de US$ 17,9 bilhões. Para o Citi, o Ebitda deve ser de US$ 15,1 bilhões, queda de 15,6%.

A receita da Vale em 2024 também deve cair, conforme as estimativas dos bancos, em relação aos US$ 41,8 bilhões de 2023. O Itaú BBA estima receita de US$ 38,3 bilhões, queda de 8,4%. O Citi calcula US$ 38,03 bilhões, 9% abaixo em relação ao ano anterior.

No lucro de 2024, os bancos esperam aumento ante os US$ 7,9 bilhões do ano anterior. O Itaú BBA calcula avanço de 5,06%, para US$ 8,3 bilhões. O Citi projeta crescimento de 11,4%, para US$ 8,8 bilhões.

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2025/02/18/vale-deve-ter-resultado-mais-fraco-no-4o-trimestre.ghtml

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