Um terço dos trilhos no País está abandonado

O Brasil deixa de usar quase um terço de
seus trilhos ferroviários, além de deixar apodrecer boa parte da pouca
estrutura que possui nessa área. Os dados da Agência Nacional de Transportes
Terrestres (ANTT) apontam que, dos 28.218 quilômetros da malha ferroviária, 8,6
mil km – o equivalente a 31% – estão completamente abandonados. Desse volume
inutilizado, 6,5 mil km estão deteriorados, ou seja, são trilhos que não podem
ser usados, mesmo que as empresas quisessem.

Os números chamam atenção, especialmente
depois que a greve dos caminhoneiros expôs a dependência do País em relação ao
transporte rodoviário.

Os dados da ANTT foram reunidos em um
estudo feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que faz um retrato
atual da operação da malha ferroviária brasileira. “É um sistema com deficiências,
com destaque para o desempenho insatisfatório das concessionárias, ausência de
concorrência no mercado e as dificuldades de interconexão das malhas”, afirma a
instituição no trabalho Transporte ferroviário: colocando a competitividade nos
trilhos, que será divulgado hoje. O material, que integra uma série de 43
documentos sobre temas estratégicos que a CNI entregará aos candidatos à
Presidência da República, detalha propostas para a melhoria do setor
ferroviário.

“O governo está em vias de decidir sobre
a prorrogação antecipada dos contratos de concessão ferroviária. Essa
antecipação é uma oportunidade para corrigir erros cometidos nos ano 90,
incluindo novos investimentos nos contratos e incorporando o compartilhamento
das malhas”, diz Matheus de Castro, especialista em políticas e indústria da
CNI.

Dos 20 mil km de malha que são usados no
País, cerca de metade tem uso mais intenso. Cerca de 10 mil km têm baixa
utilização. As limitações também estão atreladas ao perfil do que efetivamente
é transportado pelos trilhos brasileiros. As commodities agrícolas, por
exemplo, são raridades no setor, apesar de a região Centro-Oeste ser a maior
produtora de grãos em todo o mundo.

Até 2001, 60% do que circulava pelos
vagões de trens no Brasil era minério de ferro. Hoje esse volume chega a 77%,
número puxado pela Estrada de Ferro Carajás, na região Norte, e pela Vitória –
Minas, no Sudeste, ambas controladas pela mineradora Vale.

“O Brasil fez uma opção rodoviarista na
década de 60. A rodovia é um modal eficiente, mas quando se pensa em curtas e
médias distâncias. As ferrovias, que demandam mais tempo de maturação e
investimento, acabaram ficando para trás”, diz Castro.

Atualmente, as estradas brasileiras
respondem por 63% do transporte nacional de cargas em geral, enquanto as
ferrovias são responsáveis por apenas 21% desse volume, seguidas pelas
hidrovias (13%) e o setor aeroviário e estruturas de dutos (3%).

 

– Fonte: https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,um-terco-dos-trilhos-no-pais-esta-abandonado,70002340852


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