Sócios controladores da Vale já estão livres para vender ações

Os sócios controladores da Vale estão
livres, desde a semana passada, para vender 869 milhões de ações da mineradora,
que representam 16,72% do capital da companhia. Embora não se espere uma venda
imediata, alguns dos sócios, em especial fundos de pensão e BNDESPar, devem se
desfazer de parte de suas posições em Vale mais à frente. O Itaú BBA estima que
a venda possa alcançar valores entre R$ 13 bilhões e R$ 17 bilhões.

As ações dos controladores disponíveis
para a venda estavam sob bloqueio (“lock up”) desde agosto do ano
passado, quando foi concluída a primeira fase da conversão de ações
preferenciais em ordinárias da mineradora. Como resultado dessa operação, os
controladores de Vale – Litel, que reúne fundos de pensão estatais; BNDESPar,
Bradespar e Mitsui – assinaram um novo acordo de acionistas válido por três anos,
até 2020.

Pelo acordo, esses quatro grupos
passaram a controlar a Vale com 20% das ações ordinárias da empresa, percentual
que ficou vinculado ao acordo. A posição excedente desses sócios em Vale,
equivalente a 16,72% do capital em 31 de dezembro, ficou bloqueada por seis
meses a contar de 14 de agosto do ano passado, quando os controladores
assinaram o novo acordo de acionistas. O fim do “lock up” se deu na
quinta-feira, quando os sócios ficaram liberados para vender essas ações.

Fontes ouvidas pelo Valor disseram que
o plano para uma potencial venda de ações continua em discussão entre os
controladores da Vale, mas ainda sem definição. “Está em estudo”,
disse uma fonte. Os controladores estão em fase de avaliação para definir
quando a operação poderia ser realizada e também o número de ações que seriam
vendidas.

O Itaú BBA tem expectativa de que
BNDESPar, o braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES), e os fundos de pensão que fazem parte da Litel
(Previ, Funcef, Petros e Funcesp) vendam posições excedentes em Vale. A
corretora acredita, por sua vez, que Mitsui e Bradespar devem manter suas
ações.

O mais provável, para o banco, é que
os controladores tentem vender em “bloco” parte das ações excedentes
ao acordo. A corretora trabalha com a possibilidade de que a Previ, por
exemplo, se desfaça de 20% a 40% das ações do fundo que ficaram livres após o
lock up. A partir de 15 de fevereiro, a Previ ficou com cerca de 461 milhões de
ações de Vale livres para a venda e, em algum momento, poderia vender entre 92
milhões e 184 milhões de ações da mineradora, segundo contas da corretora.

No ano passado, logo após a assinatura
do novo acordo de acionistas da Vale, o presidente da Previ, Gueitiro Genso,
disse ao Valor que o fundo de pensão não tinha necessidade de vender Vale para
cumprir compromissos de curto prazo e que o trabalho dos acionistas estava
concentrado em buscar uma valorização dos ativos da empresa. Na ocasião, os
controladores de Vale disseram que qualquer venda seria feita de forma
“organizada” para não causar impactos negativos nas ações da
mineradora. Uma venda não coordenada poderia pressionar as ações.

Para o Itaú BBA, outra possibilidade,
além da venda em bloco, seria fazer uma oferta, opção considerada mais complexa
e custosa por envolver, por exemplo, uma rodada de apresentação a investidores
(“road show”). Na opinião da instituição, a venda de ações pode dar
mais liquidez aos papéis da Vale, e abrir caminho para aumentar o número de
conselheiros independentes no conselho de administração da companhia.

Em relatório recente, o Credit Suisse
destacou a preocupação de investidores sobre o impacto, para as ações da Vale,
com a venda potencial dos papéis sob “lock up”. O maior receio do
mercado, segundo a instituição, se refere a dois acionistas controladores
vistos pelo mercado como os principais candidatos à venda de ações: o BNDES e
alguns fundos de pensão.

Procurado, o BNDES não se pronunciou,
assim como a Previ, que lidera os fundos de pensão dentro da Litel. O Credit
Suisse afirmou no relatório que embora alguns controladores de Vale possam
vender suas ações, o banco continua otimista com a mineradora.

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