A saída da recessão em 2017 não é uma certeza entre os
representantes do setor privado que participam do Conselho de Desenvolvimento
Econômico e Social, o Conselhão. Nomes importantes do empresariado indicam que
o grande desafio do governo no próximo ano é impedir a continuidade da
recessão.
Abílio Diniz, um dos grandes acionistas do grupo alimentício
BRF e sócio do Carrefour não escondeu o pessimismo e descarta a retomada do
crescimento no curto prazo. “A previsão é muito ruim. Não podemos imaginar
que vamos chegar a 2017 com crescimento”, disse o empresário durante a
reunião no Palácio do Planalto.
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Apesar de ser investidor em duas grandes empresas ligadas ao
varejo, Diniz disse ser preciso haver investimento em infraestrutura com o
argumento de que não é mais possível “fazer crescimento” com base no
consumo. O empresário defende a
realização de reformas estruturantes e, em especial, algo que proporcione o
detravamento dos investimentos em
infraestrutura e a unificação das alíquotas do ICMS, para colocar um fim à
guerra fiscal entre os Estados.
Com muitas incertezas à frente, a presidente da Latam
Brasil, Claudia Sender, afirma que o debate econômico não deveria estar focado
na velocidade da retomada e sim na sustentabilidade desse movimento. Para a
executiva, o principal desafio em 2017 é colocar a recessão para trás.
“Precisamos acabar com este ciclo vicioso de pessimismo”, afirmou, ao
defender que medidas impopulares devem ser tomadas de forma mais rápida.
O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, ressalta que
indicadores recentes sinalizam que o pior está ficando para trás, já que o
nível de confiança reagiu recentemente. Mas o principal executivo do segundo
maior banco privado do País reconhece que o resultado da eleição nos Estados
Unidos – com Donald Trump eleito – influencia o cenário e reduz, por exemplo, o
espaço para o corte de juros no Brasil.
Para Trabucco, 2017 ainda será um ano de desafio para obter
crescimento. “Encontrar os motores do crescimento acho que é o grande
desafio que sociedade e governo têm para encontrar a retomada. Porque sem a
retomada através do investimento privado a gente não vai ter um ciclo de
geração de emprego”, afirmou.
Reformas. Para
acabar com as incertezas e recolocar a economia na trajetória de crescimento, o
receituário é sempre o mesmo: reformas. O presidente do Itaú-Unibanco, Roberto
Setubal, avaliou que o crescimento econômico acima de 2% ao ano no Brasil só
será possível se três reformas forem realizadas: a trabalhista, a das regras de
intermediação financeira e a política.
A mesma estratégia foi defendida pelo presidente da
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf. “Em
outubro, houve um sinal de retomada. Em novembro, freou. Mas as reformas
estruturais do País previstas para serem aprovadas em 2017 podem reverter este
quadro”, afirmou.
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