Crescimento industrial fica para 2018, diz CNI

A volta do crescimento da indústria no Brasil não se dará antes
de 2018. Essa é a avaliação do presidente da Confederação Nacional da
Indústria, Robson Andrade, que acompanhou ontem a visita do presidente Michel
Temer a Tóquio, no Japão.

Para o líder empresarial, o retorno do crescimento é moroso
pela necessidade de se construir um “ambiente propício”. “Essa
recuperação não é imediata”, entende. “O crescimento da indústria
depende, além do otimismo que retornou e está retornando para o empresariado –
o que já é importante -, do aumento do mercado interno e das possibilidades de
exportações.”

Ainda segundo Andrade, a demanda interna precisa ser
reaquecida, ao mesmo tempo em que o governo precisa retomar as negociações de
acordos comerciais que estimulem as vendas ao exterior. “As exportações
dependem muito dos acordos internacionais que o Brasil está correndo atrás para
fazer. E o mercado interno depende de confiança que está sendo readquirida, de
investimentos, de geração de emprego”, diz. “Eu acho que 2016 nós
estabilizamos, paramos de perder. Acho que 2017 vai ser um ano em que vamos
começar a plantar para recuperar, mas eu acho que o crescimento da indústria
mesmo é 2018.”

Queda na confiança.
Depois de cinco meses consecutivos de crescimento, a confiança do empresário
caiu no mês de outubro, segundo a CNI. Na comparação com setembro, o Índice de
Confiança do Empresário Industrial (Icei) recuou 1,4 ponto, registrando 52,3
pontos em outubro. Mesmo com a queda, o indicador continua acima da linha
divisória dos 50 pontos que separa o otimismo do pessimismo. Os indicadores da
pesquisa variam de zero a cem pontos. Quando estão abaixo de 50, indicam falta
de confiança.

“O recuo do Icei foi pequeno, mas acende um sinal de
alerta para a recuperação da economia”, disse em nota o gerente executivo
de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.

De acordo com o levantamento, a confiança diminuiu em todos
os portes de empresas. Pequenas e médias indústrias tiveram a maior queda. Nas
pequenas, o Icei caiu de 50,5 pontos em setembro para 48,7 pontos em outubro.
Nas médias, o indicador recuou de 52,9 pontos para 51,0 pontos. Nas grandes
indústrias, o índice passou de 55,7 pontos para 54,6 pontos. 

Segundo o estudo, a queda do Icei em outubro se deve,
principalmente, a uma reavaliação das expectativas em relação ao desempenho da
economia e das empresas nos próximos seis meses. O indicador de expectativas
caiu 1,9 ponto em relação a setembro e ficou em 56,8 pontos. Mesmo estando
otimistas quanto ao futuro, os empresários ainda veem piora na situação atual
das empresas e da economia. O índice de condições atuais foi de 43,3 pontos em
outubro, contra 44 pontos em setembro, mantendo-se abaixo dos 50 pontos.

Para Castelo Branco, os dados do Icei mostram que os
indicadores negativos da situação atual das empresas e da economia contaminaram
a trajetória positiva das expectativas. “Isso reflete a dificuldade da
indústria e da economia em engatar um ciclo de recuperação”, disse o
economista. “O desemprego alto e a dificuldade de financiamento fazem com
que o consumidor fique cauteloso, e isso se reflete nos investimentos do
comércio e da indústria”, acrescentou.

Esta edição da pesquisa ouviu 3.048 empresas em todo o País
entre os dias 3 e 14 de outubro. Dessas, 1.198 são pequenas, 1.152 são médias e
698 são de grande porte.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*



0