A revisão na projeção de crescimento da economia brasileira
anunciada pelo Ministério da Fazenda, de 1,6% para 1% em 2017, deve representar
uma perda de arrecadação de pelo menos R$ 3,3 bilhões em relação ao projetado
inicialmente no Orçamento do próximo ano.
De acordo com a área técnica do Congresso, o anexo de riscos
fiscais do Orçamento prevê que, a cada um ponto percentual de diferença no PIB,
o efeito na receita administrada pela Receita Federal é de 0,65%, ou R$ 5,6
bilhões.
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A perda de receita projetada, no entanto, ainda não foi
incorporada ao relatório preliminar do Orçamento apresentado nesta terça-feira
(22) pelo relator-geral na CMO (Comissão Mista do Orçamento), senador Eduardo
Braga (PMDB-AM). “O texto ainda precisa passar por trâmites
burocráticos”, afirmou o senador. “Só na fase final esses números
serão acrescidos ao parecer do Orçamento.”
Do lado do Executivo, não há sinal de que uma revisão será
feita. Os ministérios da Fazenda e do Planejamento afirmaram nos últimos dias
que a alteração não precisa ser feita agora.
O argumento é que a receita de 2017 não necessariamente
cairá, já que o novo programa de repatriação de recursos ilegais no exterior e
recursos de concessões poderiam compensar a redução no aumento esperado do PIB.
Com a nova repatriação, por exemplo, o Orçamento prevê uma arrecadação de cerca
de R$ 10 bilhões para a União.
“Não cabe ao governo federal, neste momento, realizar
revisão das estimativas. Vamos fazer isso no início do próximo ano, quando
fizermos a programação orçamentária para 2017”, disse nesta terça o
ministro do Planejamento, Dyogo de Oliveira.
Oliveira informou que a receita obtida com a multa e imposto
pagos dentro do programa de regularização de recursos ilegais no exterior feita
em 2016 deixa ao governo uma reserva técnica, até o final do ano, de R$ 16,2
bilhões.
De acordo com ele, até o dia 30, o governo publicará um
decreto sobre como o valor será gasto.
“Nossa prioridade é o pagamento de restos a pagar, o
que abre espaço para termos um desempenho melhor nos próximos anos”,
disse.
O valor a ser gasto não inclui os R$ 5 bilhões que serão
repassados aos Estados pelo acordo fechado com os governadores nesta terça,
dinheiro que já havia sido separado para essa despesa.
A meta fiscal de 2016, um deficit de R$ 170,5 bilhões, será
cumprida “fielmente como previsto”, afirmou o ministro.
SAÚDE E EDUCAÇÃO
O senador Eduardo Braga afirmou que o governo federal
comunicou ao Congresso que o teto de gastos em 2017 poderá ser aumentado em R$
9 bilhões, considerando que as despesas em 2016 serão maiores que o previsto.
Outra mudança no Orçamento foi o aumento de R$ 9,9 bilhões
na previsão de despesas com saúde. A alteração foi necessária por causa da
mudança na regra do piso para o setor.
De acordo com o relatório de Braga, a educação terá um
acréscimo de R$ 1,22 bilhão. O Ministério dos Transportes, de R$ 1,23 bilhão.
Haverá ainda corte de R$ 6 bilhões nas projeções de gastos com subsídios, entre
outros ajustes feitos no Congresso.
Braga pretende votar seu parecer na CMO nesta quinta (24).
Depois disso, ainda é necessário apreciar relatórios setoriais. Conforme o
calendário previsto pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-RR), o
Orçamento de 2017 deve ser apreciado por deputados e senadores em sessão
conjunta do Congresso em 14 de dezembro.
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