A escolha do Rio como sede dos Jogos desencadeou um
investimento de R$ 17,5 bilhões no sistema de transporte coletivo da cidade.
Representa a maior parte do legado de infraestrutura, tão propagado nos últimos
anos pelas autoridades, que começa a ser apresentado à população.
Coube ao município do Rio a parcela de R$ 5 bilhões nesses
gastos, correspondentes à criação de três corredores viários que somam 117
quilômetros em faixas exclusivas para os ônibus articulados da rede BRT
(Transporte Rápido por Ônibus, na sigla em inglês). São as vias Transcarioca
(Barra-Aeroporto Internacional do Rio), Transoeste (Barra-Campo Grande) e
Transolímpica (Recreio-Deodoro).
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O governo federal, por meio do PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento) da Mobilidade, destinou R$ 532 milhões ao projeto do VLT
(Veículo Leve sobre Trilhos), uma espécie de nova geração de bondes, que
atravessa o centro da cidade e, por enquanto, faz a conexão entre o aeroporto
Santos Dumont e a rodoviária Novo Rio.
Outros R$ 625 milhões da obra do VLT foram pagos por
empresas privadas.
Para o governo do Estado do Rio ficou a missão de estender o
metrô de Ipanema, na zona sul, até a Barra, na zona oeste.
Com 14,7 quilômetros de extensão, a nova Linha 4 representou
um gasto de R$ 8,5 bilhões para os cofres públicos. A concessionária Rio Barra,
responsável pela gestão desta rede, pagou mais R$ 1,2 bilhão.
Para entrar em funcionamento antes da Olimpíada, houve até
decreto de calamidade pública assinado pelo governador interino do Rio,
Francisco Dornelles, em busca de recursos federais às vésperas do evento.
Após uma série de adiamentos, a inauguração do metrô está
prevista para o dia 31, a cinco dias da cerimônia de abertura no estádio do
Maracanã.
Além disso, a prefeitura investe R$ 1,4 bilhão no futuro BRT
Transbrasil, que não integra o legado olímpico.
POLÍTICA PÚBLICA
A profusão de gastos públicos em transporte desperta
discussão entre especialistas. Para Sérgio Magalhães, urbanista e conselheiro
do IAB (Instituto dos Arquitetos do Brasil), o problema está na ausência de uma
política integrada de mobilidade para a região metropolitana.
Ele cita a divisão existente entre município (responsável
pelo sistema de ônibus), Estado (metrô e trem) e governo federal (transportes
aéreo e marítimo).
Seria mais eficiente investir na transformação das
linhas de trem já existentes em metrô. Isso agilizaria o deslocamento entre o
centro e a Baixada Fluminense, disse Magalhães. Como existe essa
divisão na gestão do transporte público, a prefeitura acaba escolhendo o BRT
como modal prioritário.
O engenheiro de transportes Marcus Quintella, professor da
FGV, assinala que o BRT é insuficiente para atender à demanda. Esse sistema
já nasceu sobrecarregado por ser de média capacidade.
Para Alexandre Rojas, engenheiro de transportes da
Universidade Estadual do Rio de Janeiro, o BRT foi a solução viável diante do
deficit de mobilidade urbana.
O ideal seria um metrô. Mas é um projeto de bilhões e que
leva tempo para implantar. O BRT foi a melhor opção considerando preço e
prazo.
OPERAÇÃO NA OLIMPÍADA
Durante os Jogos, o novo trecho do metrô (Ipanema-Barra) e
os três corredores de BRT recém-inaugurados funcionarão apenas para o transporte
de torcedores, voluntários e profissionais ligados à produção do evento. Será
necessário um cartão especial (RioCard Jogos Rio 2016).
A Transolímpica foi a última a ser entregue, no dia 9, a
menos de um mês do início dos Jogos.
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