Cosan e Shell selam união definitiva para ativos no Brasil

A união definitiva entre Cosan, do empresário Rubens Ometto,
e a gigante transnacional Shell foi assinada no fim da tarde de ontem. A partir
de agora, a sociedade entre eles para distribuição de combustíveis no Brasil e
produção de açúcar e álcool criada há cinco anos – e que poderia acabar em 2021
– não tem mais prazo para terminar. O novo acordo será anunciado hoje. Ficou
decidido ainda que, enquanto tiver saúde, Ometto é quem vai reger os negócios,
como presidente vitalício do conselho de administração de Raízen – a empresa na
qual os sócios reuniram ativos em 2010.

Cosan e Shell entendem que a companhia hoje vale de US$ 17
bilhões a US$ 20 bilhões, conforme antecipou ontem com exclusividade Valor PRO,
serviço de informações em tempo real do Valor. Cinco anos atrás, os sócios
avaliavam o negócio de US$ 10 bilhões a US$ 12 bilhões. Como a gestão conjunta
começou só em 2011, a leitura é que o empreendimento conjunto praticamente
dobrou de valor durante os cinco primeiros anos.

Ometto, além da posição de chairman vitalício, também
conseguiu transformar a Raízen em legado. A Shell terá direito de comprar os
50% de Cosan no caso de morte do empresário. Mas não se trata de uma opção sem
prazo ou de uma obrigação de venda da Cosan “É uma possibilidade rápida,
associada exclusivamente ao evento”, disse fonte a par do assunto. Esse
era um ponto de revisão almejado pelo empresário brasileiro, que gostaria de
ver o negócio se transformar em patrimônio familiar.

Para esse acordo definitivo, quase nada foi modificado na
governança frente ao que foi praticado nesse período de convivência. O conselho
de administração de Raízen continuará sendo dividido igualmente – sendo seis
membros, três de cada sócio.

As decisões são tomadas por maioria simples e assim também
são feitas as indicações para presidente executivo e diretor financeiro de
Raízen – um nome, decidido em conjunto, no conselho de administração. Até hoje,
todas as definições foram tomadas por unanimidade, segundo o Valor apurou.

Foi a soma entre o retorno obtido com o negócio e a
estabilidade da gestão que permitiram que as conversas tivessem sucesso. As
negociações foram conduzidas com discrição, diretamente por Cosan e Shell. Boa
parte das conversas foram feitas, em Londres.

A mudança mais significativa do acordo foi a suspensão das
opções mútuas que Cosan e Shell possuíam. Em 2010, quando da união em Raízen,
havia sido estabelecido que a Shell poderia comprar a participação da Cosan no
10º ano da sociedade. Ometto teria, então, direito de decidir se venderia toda
sua fatia de 50% no negócio ou apenas a metade, ou seja, 25%. A partir do 15º
aniversário, ambos os sócios teriam uma opção de compra da fatia do outro – sem
valor previamente fixado.

Tais cláusulas foram substituídas pelo direito de
preferência que ambos terão caso o outro sócio decida vender sua parte a um
terceiro. Não haverá obrigação de venda conjunta.

De 2011 a 2015, a receita líquida combinada das operações de
distribuição de combustíveis e produção de açúcar e álcool saltou de R$ 40
bilhões para R$ 74 bilhões – ou 85%. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos,
depreciação e amortização) aumentou 75%, de R$ 3,4 bilhões para 6 bilhões.

Na Raízen Combustíveis, a participação de mercado subiu de
18% para 25%, segundo o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de
Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom). Na Raízen Energia, a moagem da cana,
que foi de 53 milhões de toneladas no ano-safra 2011/2012, passou para 63
milhões de toneladas, no ano-safra encerrado em março deste ano.

Quando, em 2010, Ometto realizou o sonho de ter como sócia
uma grande petroleira, a Cosan valia R$ 8,5 bilhões na bolsa. Ontem, fechou o
pregão em R$ 15,5 bilhões. Dentro da companhia, além dos 50% de Raízen estão
ainda a Comgás, adquirida depois. Nesse intervalo, Ometto também se tornou o
acionista de referência da maior rede de ferrovias do Brasil, por meio da Rumo,
que incorporou a ALL. Na bolsa, a Rumo está avaliada em mais de R$ 8,3 bilhões.

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