Trem do Samba embala o público com mais de 12h de música

A costumeira movimentação na estação Central do Brasil foi embalada por pandeiros, tamborins e muita animação na tarde deste sábado, durante a concentração para a 19ª edição do Trem do Samba, que este ano homenageia a sambista Dona Ivone Lara.


O aquecimento para o tradicional evento teve início às 13h e reuniu centenas de pessoas em torno do palco montado na Central, onde se apresentaram as Velhas Guardas da Império Serrano, Vila Isabel, Mangueira e Portela. Os bambas interpretaram célebres composições da matriarca do samba, como “Sorriso negro”, que foram acompanhadas em coro pelo público.


Na Central, toda a trupe embarcaria às 18h04m (horário emblemático em que Paulo da Portela pegava seu trem de volta para casa) em cinco composições com 36 vagões que saíram rumo à Oswaldo Cruz, Zona Norte do Rio. No local da dispersão, eram esperadas mais de 100 mil pessoas à noite, de acordo com o organizador do evento Marquinhos de Oswaldo Cruz. Lá, o público foi recepcionado por oito rodas de samba, com participação de Noca da Portela e Marquinhos Diniz, em uma programação que prometia se estender até depois de 1h da madrugada.


— A coisa mais bonita na história do Trem do Samba é conseguir atrair todas as atenções para Oswaldo Cruz, que é uma das regiões mais ricas em bens culturais imateriais. A cada ano que fazemos essa viagem, da Central para lá, reforçamos a importância de manter as raízes do samba vivas para milhares de fãs. Estamos muito felizes! — celebrou o sambista, adiantando que em 2015, quando o evento completa 20 anos, o trem se apresentará pela primeira vez na França, na cidade de Nice.


A aposentada Maria Aparecida Eugenia, de 79 anos, disse estar emocionada com a união de pessoas de diferentes idades, classes sociais e regiões que o Trem do Samba proporciona.


— Venho há muitos anos, sem tempo ruim — brincou — Chegando aqui, sou contagiada por essa alegria que encanta a tantos, e vejo que é esse o verdadeiro sentido do samba.


A instrumentalista Fabiana Pereira veio de Belo Horizonte (MG) com um grupo de 80 pessoas especialmente para o evento.


— Fui nascida e criada em um berço de samba… Esse é um programa obrigatório para quem curte o ritmo, e era um grande sonho vir para o Rio de Janeiro ver Dona Ivone Lara se apresentando do alto dos seus 92 anos. Para mim, ela é um exemplo, uma guerreira — destacou.


De Jacarepaguá, o sambista Henrique Escurinho (como, segundo ele, foi batizado por Marquinhos de Oswaldo Cruz) participa há oito anos do trem. Ele, que estava acompanhado de uma turma com vários instrumentos musicais, considera a festa um “segundo aniversário”.


— Reunir um grande número de amigos e estar entre grandes nomes do samba, como Hamilton de Holanda e Nelson Sargento, é uma experiência que não tem preço. Estar aqui é comemorar a própria vida, pois não dá para separar o samba da minha! — declarou-se.


Ao lado de Henrique, Luiza Vidal exaltou o clima de amizade que existe no meio. E ressaltou a “bagunça musical” que caracteriza o evento:


— É um momento em que todo mundo dança, canta e toca junto. Não é à toa que a cada ano está mais cheio, acho que todos têm uma história bacana para contar depois que saem daqui.

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