Os sul-coreanos estão entre os estrangeiros que investem pesado para disputar a construção do trem-bala ligando Rio e São Paulo, obra orçada em R$ 33,1 bilhões. A estatal de pesquisas para ferrovias da Coreia do Sul criou uma agência especial na capital, Seul, formada por especialistas exclusivamente dedicados aos estudos em torno da proposta. A ofensiva inclui visitas frequentes ao Brasil e a participação de brasileiros na coordenação, em São Paulo, mostra reportagem da enviada especial Liane Thedim, publicada neste domingo pelo jornal O Globo.
A ferrovia coreana que liga Seul a Busan, em operação desde 2004, possui a mesma extensão e velocidade da brasileira, que terá 511 quilômetros, a serem percorridos a 300 km/h, em uma hora e meia, e é um dos trunfos dos coreanos para a disputa. Mas eles não revelam detalhes da proposta a ser apresentada. Pelas regras do leilão, o vencedor constrói a ferrovia em até seis anos e tem direito de explorá-la por 40 anos, cobrando no máximo R$ 0,49 por quilômetro, o que corresponderia a uma tarifa em torno de R$ 150 para o trecho Rio-São Paulo, em horário normal. Ganha quem apresentar a menor tarifa-teto e a maior parcela de capital próprio – o BNDES pode financiar até 60% da obra, ou R$ 19,9 bilhões.
– Seul tem a população de São Paulo, e Busan, quase igual à do Rio. O trem-bala coreano começou a dar lucro em um ano e meio. O Brasil pode facilmente atingir isso – diz Daniel Suh, coordenador do grupo do TAV brasileiro do Instituto de Pesquisas Ferroviárias da Coreia do Sul.
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Espera-se também a participação de consórcios de Japão, Alemanha, França e Espanha no leilão. O prazo para entrega das propostas é 29 de novembro e o leilão está marcado para 16 de dezembro, na Bolsa de São Paulo, 15 dias antes do fim do governo Lula. Se o cronograma do edital for cumprido, a obra não começa antes de maio de 2011 – os seis anos de obra, portanto, tornariam inviáveis a conclusão antes das Olimpíadas de 2016 no Rio.
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