Os acionistas da Cosan Indústria e Comércio aprovaram ontem em assembleia geral extraordinária a cisão dos ativos de logística da companhia. Eles serão incorporados pela recém-criada Cosan Logística, que será lançada hoje na bolsa e já é alvo de cálculos de preços pelo mercado.
Na BM&FBovespa, o papel terá o código de RLOG3. O preço de abertura, diz a empresa, “refletirá a proporção relativa de 10,53% aplicado ao preço de fechamento da ação da Cosan” ontem. Por isso, a Cosan Logística deve abrir o pregão a R$ 3,92.
Com a nova companhia, os atuais donos dos papéis da Cosan passarão a ter duas opções diferentes para investimento: a Cosan (também chamada de Cosan Energia pelos diretores do grupo) e a Cosan Logística, ambas listadas em bolsa.
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A separação dos ativos e incorporação deles pela nova empresa é um passo para o grupo receber a participação na empresa de ferrovias América Latina Logística (ALL), ainda não efetuada. Segundo os diretores, a cisão servirá para que o mercado tenha mais clareza ao investir nos negócios da companhia daqui em diante.
O valor da parcela cindida, de acordo com laudo de avaliação contratado pela Cosan, corresponde a R$ 1,059 bilhão. Com isso, o valor da Cosan diminuirá de R$ 4,691 bilhões para cerca de R$ 3,632 bilhões.
A Cosan Logística nasce com apenas uma controlada: a Rumo Logística. Mas, no futuro, deve contar também com a participação na ALL – que ainda precisa de aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Caso a fusão seja realmente aprovada, a participação da Cosan na Rumo diminuiria de 75% para 27,4% – abrindo espaço para os acionistas da ALL, que terão 63,5% da “nova Rumo”. Cosan e os atuais sócios dela na Rumo (TPG e Gávea) terão a maioria do conselho de administração da Rumo: onze dos 17 membros.
E o modelo societário da Cosan Logística pode passar por nova reorganização. Em fevereiro, os diretores da Cosan já informaram que a Rumo fará abertura de capital (após o aval do Cade) para incorporar a ALL, como determina a legislação brasileira. Após o processo de abertura, a Rumo pode receber ainda novo aporte de capital, já que, segundo informou na época Marcos Lutz, presidente da Cosan, o grupo cogita fazer uma emissão de ações para atrair um “investidor estratégico” para a empresa.
De qualquer forma, o mercado já calcula os valores justos no futuro para cada companhia. “A análise detalhada do ‘valuation’ resulta na nossa preferência pela Cosan Energia, dada a fundação sólida e a resiliência de alguns dos principais segmentos e também por conta de catalisadores mais claros e da maior visibilidade relativamente à Cosan Logística neste momento”, escreve o analista Valder Nogueira, do Santander, em relatório desta semana.
Segundo ele, o Ebitda de logística será de apenas 6,7% do total da companhia. “Nossos preços-alvo implícitos para o final de 2015 são de R$ 44,40 (potencial de alta de 26%) para Cosan Energia (todos os ativos atuais exceto a participação na Rumo) e de R$ 6,20 (potencial de alta de 34%) para Cosan Logística (já considerando a incorporação da ALL pela Rumo)”, diz. “A nosso ver, o mercado ajustará o preço da Cosan Logística inicialmente olhando o valor implícito da Cosan Logística no valor da ação da ALL”, afirma.
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