A indústria de equipamentos ferroviários espera atingir a meta de produção prevista para este ano, de 100 mil locomotivas e cerca de 3 mil vagões de carga. Mas o fato de apenas repetir o volume do exercício passado e ficar muito aquém do pico de produção registrado em 2011 não preocupa tanto quanto a sazonalidade que caracteriza o setor. As empresas reclamam da irregularidade dos pedidos feitos pelas concessionárias, o que as impede de fazer um planejamento adequado da operação, sobretudo no diz respeito a insumos e mão de obra.
A produção de locomotivas em 2012 foi de 70 mil unidades, após ter atingido o patamar de 113 mil máquinas em 2011. No caso de vagões de carga foram fabricadas 2.918 unidades em 2012 e 5.616 em 2011, conforme levantamento da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer).
A previsibilidade das encomendas faz parte dos objetivos perseguidos pelo setor. Para tanto, uma das propostas é a renovação da frota obsoleta herdada da antiga Rede Ferroviária Federal (RFFSA). O parque total de máquinas instaladas no Brasil é de 103 mil vagões e 3,2 mil locomotivas. A ideia é, em um período de seis anos, substituir 40 mil vagões antigos por 18 mil novos com capacidade equivalente, e 1,2 mil locomotivas por 600 novas de maior potência, diz Vicente Abate, presidente da Abifer.
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Por outro lado, o setor aposta no incremento da demanda em função dos projetos das atuais concessionárias de ferrovia, que programaram investimento de R$ 16 bilhões nos próximos três anos na manutenção e recuperação da infraestrutura de via férrea e na aquisição de material rodante. “Temos uma previsão de fabricação de 40 mil vagões e 2,1 mil locomotivas no período de 2010 a 2019 só para atender esses projetos”, afirma Abate.
Há expectativa, também, com o novo programa de concessões lançado pelo governo federal, que prevê a construção de 10 mil quilômetros de linhas.
Estima-se em 50 mil vagões e 3 mil locomotivas o volume necessário para suprir as encomendas das novas obras no período de dez anos. “Cada quilômetro de trilho novo que se instala no país puxa a demanda por equipamentos ferroviários”, comenta Norberto José Fabris, diretor corporativo da Randon Implementos.
Fabricante de vagões de carga, a empresa deve terminar 2013 com uma produção entre 600 e 700 unidades, pouco abaixo das 900 fabricadas em 2012. Mesmo com a queda, a Randon vai manter o target de 30% de participação no mercado nacional.
A Amsted Maxxion também sentiu o impacto da queda da demanda por vagões, que baixou de 4.665 para 1.975 unidades entre 2011 e o ano passado. O volume registrado até o mês de setembro é de 1.362 vagões, mas Ricardo Chualy, presidente da companhia, não está otimista quanto à possibilidade de superar o total produzido em 2012. “Hoje estamos com a capacidade limitada de produção em decorrência da falta de demanda do mercado”, afirma.
A planta localizada na cidade de Hortolândia (SP) abastece essencialmente o mercado doméstico e exporta apenas 3% da carteira para países da África e os vizinhos da América Latina, como Argentina, Chile, Colômbia, Peru e Venezuela.
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