O secretário de Planejamento da Bahia, Armando Avena, criticou nesta terça-feira (6) o traçado das obras de construção da Ferrovia Transnordestina, iniciada hoje em Missão Velha (CE), com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para Avena, o traçado é totalmente equivocado, inviável do ponto de vista da logística e vai custar oito vezes mais do que o projeto original.
Somos a favor da Transnordestina, porém sem as modificações propostas pelo governo federal, que além de onerar financeiramente o projeto, desconsidera polos importantes como o de Juazeiro (BA)/Petrolina(PE) e a produção de grãos no oeste baiano, que em 2004 representou 67,1% da produção de grãos no cerrado dos estados da Bahia, Piauí e Maranhão, afirma o secretário.
Segundo Avena, o projeto inicial da Transnordestina até pouco tempo era motivo de união de todos os estados nordestinos, já que o traçado tinha como proposta interligar o cerrado setentrional – onde se concentra a maior produção de grãos da região –
aos portos do litoral, estabelecendo rotas de escoamento que beneficiariam todos os estados nordestinos. A ferrovia partiria do pólo Juazeiro/Petrolina até o município de Salgueiro (PE), para daí atingir os portos de Suape (PE) e Pecém (CE).
Ainda de acordo com o secretário, o traçado original permitiria interligar toda a região ao porto de Aratu (BA), através da Ferrovia Juazeiro/Aratu, que já existe e necessita apenas de investimentos na sua recuperação. Dessa forma, argumenta Avena, os quatro grandes portos do Nordeste (Suape, Pecém, Aratu e Itaqui) estariam interligados às regiões produtoras.
CUSTO
Esse traçado permitiria o escoamento da produção de grãos do sul do Maranhão, sul do Piauí e oeste da Bahia, que foi de 4,7 milhões de toneladas em 2004 e deve alcançar, em 2020, o volume de 18 milhões de toneladas, além da produção de frutas do cerrado, e uma série de outros produtos, avalia o secretário de planejamento da Bahia.
Ele acrescenta que a previsão de investimento para esse traçado era de R$ 500 milhões, já previsto no Plano Plurianual de Investimentos, e um adicional de R$ 150 milhões para recuperação da Juazeiro/Aratu. Com as modificações do novo traçado, o custo sobe para R$ 4,5 bilhões, conforme anunciado pelo governo federal – a maior parte oriunda do Fundo de Investimentos do Nordeste (Finor) e do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FNDE).
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