Santa Catarina recebeu do governo federal excelente notícia na sexta-feira, durante a reunião da Federação das Indústrias do Estado: em um mês estará pronto o edital para licitação do projeto da ferrovia litorânea, um empreendimento que ao custo de R$ 954 milhões interligará os portos catarinenses a partir de 2011, se o cronograma de execução da obra obedecer aos planos originais. Trata-se de reivindicação antiga do Estado, eis que as dificuldades de acesso aos portos ditadas pela precariedade das rodovias constituem talvez o mais importante óbice a um crescimento maior dos negócios catarinenses, especialmente dos direcionados à exportação. E frise-se que a iniciativa do governo federal não beneficiará apenas Santa Catarina, mas o país inteiro, porquanto o complexo portuário barriga-verde apresenta a segunda maior taxa de crescimento das Américas, segundo a própria Presidência da República. Já era hora pois de o país lançar-se com maior ousadia na ampliação de um modal de transporte imprescindível para qualquer nação que almeje a competitividade internacional.
A rigor, essa recuperação vem se dando há pouco mais de uma década. A situação começou a melhorar em 1996, quando foi deflagrado o processo de desestatização do setor, tirando-o do marasmo em que se encontrava. Desde aquele ano, a quantidade de carga movimentada nas ferrovias brasileiras aumentou em cerca de 26%. Os investimentos permitiram um incremento da produção de transportes em 68% entre 1996 e 2001, segundo o Ministério dos Transportes. E deve intensificar-se nos próximos anos. O Plano Nacional de Logística e Transporte, lançado pelo governo federal em junho de 2007, prevê para o sistema ferroviário um índice de 32% na movimentação de cargas no país em 2023. Um percentual ainda bem inferior à média do padrão internacional, que é de 42%. O Brasil possui apenas 30 mil quilômetros de malha ferroviária, dos quais 28 mil operados pelo setor privado, e transporta tão-somente 17% das cargas no país, um índice ridículo diante da extensão territorial e do volume alcançado pela produção primária, que tem no trem o seu mais eficiente e econômico meio de transporte. O modal rodoviário, hoje responsável pela parte nobre na movimentação, só é eficiente e compensador para cargas leves e distâncias curtas. Portanto, que à construção da ferrovia litorânea sigam-se outras, para que o país venha a contar num futuro não muito distante com uma extensa malha desse que é o mais seguro meio de transporte terrestre do mundo.
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