As construtoras Camargo Correa e Queiroz Galvão venceram a licitação para a construção da via permanente e do sistema de terceiro trilho da expansão da linha 2-Verde do Metrô de São Paulo. Os envelopes com as propostas foram abertos na manhã de hoje e o orçamento das construtoras, de R$ 219,7 milhões, foi o escolhido.
Queiroz Galvão e Camargo Correa são duas das empresas que fazem parte do consórcio Via Amarela, responsável pela construção da linha 4-Amarela e pela cratera que se abriu em janeiro do ano passado nas obras da futura estação Pinheiros. Sete pessoas morreram. Além das duas vencedoras, só a Andrade Gutierrez e a OAS –que também fazem parte do Via Amarela– foram consideradas aptas a participar da concorrência.
A licitação era contestada pelas construtoras Tejofran e o consórcio formado pela Carioca, Convap e Sutelpa junto ao próprio Metrô e na Justiça.
As outras duas também fazem parte do consórcio Via Amarela, ou seja, apenas as responsáveis pela cratera puderam participar da nova licitação. As outras construtoras foram desconsiderados por não cumprir critérios jurídicos ou técnicos.
Obras
A expansão da linha 2-Verde até a Vila Prudente já está em obras. Em março deste ano, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) e o secretário estadual de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portela, anunciaram a expansão até a estação Oratório. Na mesma época o governo do Estado também prometeu construir a linha 6-Laranja (Freguesia do Ó – São Joaquim) até 2012.
Texto cifrado antecipa resultado de licitação
O resultado da licitação para a construção da via permanente 2-Verde do Metrô, obra de mais de R$ 200 milhões, foi antecipado pela Folha Online oito horas antes da abertura dos envelopes, ontem, em São Paulo. O nome da vencedora e detalhes do processo foram ocultados em texto sobre a ópera “Salomé”, que entrou em cartaz ontem na Sala São Paulo. A antecipação mostra que a concorrência pode ter sido direcionada, de forma a dar vitória ao consórcio liderado pela Camargo Corrêa. Procurada, a empresa se recusou a falar sobre o assunto.
A obra em questão trata da ampliação da linha 2-verde no trecho de Alto do Ipiranga até Vila Prudente. Hoje essa linha vai da Vila Madalena até o Alto do Ipiranga. Essa expansão é uma das bandeiras políticas da gestão José Serra (PSDB). As empresas excluídas da licitação irão à Justiça contestar o resultado. Pelo conteúdo dos envelopes abertos ontem, por volta das 9h, o consórcio Camargo Corrêa/Queiroz Galvão apresentou a “melhor” proposta.
O consórcio pediu R$ 219,7 milhões para executar a obra -12% acima dos R$ 196 milhões previstos pelo Metrô. A segunda colocada foi a Andrade Gutierrez, que pediu R$ 222,1 milhões. A terceira colocada foi a OAS (R$ 226 milhões). Para excluir quatro das oito empresas que disputavam a licitação, o Metrô usou um parecer técnico da Ieme Brasil, empresa contratada como projetista da 2-Verde. Ela prestou serviço à Camargo Corrêa. O procedimento é contestado administrativa e judicialmente pelas perdedoras (Galvão/Engevix; Iesa Consbem/Serveng; Carioca/Convap/Sultepa; Tejofran/Somafel).
Pela Lei das Licitações (nº 8.666), a Ieme não poderia participar nem “direta” nem “indiretamente” do processo. O Metrô informou a exclusão das quatro empresas no “Diário Oficial” do Estado da última terça. Para fundamentar essa decisão, em vez de produzir um parecer próprio, a direção do Metrô usou o que a Ieme fez para a Camargo Corrêa. Ou seja, o Metrô usou o argumento de uma das concorrentes para desclassificar as demais. Para especialistas, o processo foi “contaminado”.
Cratera – No último dia 13, a Folha Online antecipou que as construtoras Queiroz Galvão, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e OAS foram consideradas pelo Metrô as únicas aptas a participar da licitação, das que apresentaram proposta. As demais foram desconsideradas por não cumprir critérios jurídicos ou técnicos. A escolha dessas construtoras ocorreu em meio à polêmica: elas integram, ao lado da Odebrecht, o consórcio Via Amarela, responsável pela construção da linha 4-Amarela. Em janeiro de 2007, um dos canteiros de obra da linha ruiu, matando sete pessoas. As obras para a expansão da linha 2-Verde até a Vila Prudente já começaram.
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