Os projetos dos trens de alta velocidade que ligariam Rio de Janeiro/São Paulo e Curitiba/São Paulo foram discutidos no seminário internacional sobre ferrovias, realizado pela Estrada de Ferro Paraná Oeste S.A (Ferroeste) e Associação Latinoamericana de ferrovias (Alaf), na sexta-feira (27).
A palestra do diretor da Revista Ferroviária e vice-presidente da Agência de Desenvolvimento do Trem Rápido entre Municípios (AD-Trem), Gerson Toller, fez um resumo histórico das ferrovias brasileiras e da realidade atual dos trens de alta velocidade na Europa. Segundo ele, nos anos 60, o Brasil atingiu o auge do setor e na mesma época entrou em declínio. “O país começou a fabricar automóveis e a investir cada vez mais em rodovias. As estradas de ferro perderam a concorrência devido ao sucateamento de locomotivas, que ainda eram a vapor, e os investimentos eram mínimos”, contou.
Gerson afirmou que o momento atual é favorável e de recuperação, “um dos motivos é o controle da inflação que está permitindo maiores investimentos em ferrovias”. De acordo com ele, na Europa, são usados quase 4 mil quilômetros de ferrovias de alta velocidade, 1.200 quilômetros estão em fase de implantação e até 2020 serão 9 mil. Ele disse que existe um grupo de consultores estudando o assunto. “Existe a necessidade de se fazer estudos preliminares, saber quais são os pontos positivos e negativos nesse processo para que futuramente possamos implantar esse tão importante projeto em nosso país”, concluiu.
Jurimar Cavichiolo falou sobre o projeto Curitiba/São Paulo; ele afirmou que as vantagens da implantação do trem que ligaria as duas capitais são inúmeras. Segundo ele o governo federal já demonstrou interesse no assunto e, por isso, já existem grupos de estudos trabalhando e criando novos subsídios para serem incluídos no projeto. “Apesar do grande investimento necessário, as vantagens são muitas. Temos um aumento muito grande no número de passageiros, no número de veículos e caminhões circulando e, conseqüentemente, o aumento de acidentes, sem falar da degradação da malha ferroviária”.
Ignácio Monfort, representante da empresa espanhola Ineco-Tifsa mostrou aos participantes as oportunidades para a alta velocidade na América Latina e a bem sucedida experiência de seu país no setor. Para Manfort a Espanha possui hoje os melhores trens de alta velocidade do Mundo, “o exemplo da Espanha de apostar na alta velocidade permitiu dinamizar o setor no país, os investimentos ajudaram o desenvolvimento da empresas ferroviárias e hoje elas estão aptas a exportar tecnologias”.
Segundo Manfort existem outros aspectos importantes que devem ser mencionados, “a questão econômica e social é fundamental nesse processo, a alta velocidade permite um equilíbrio territorial que favorece regiões mais isoladas em relação às metrópoles”, afirmou.
O vice-presidente da União Internacional de Ferrovias para a América Latina, Samuel Gomes, disse que o projeto de um trem de alta velocidade entre Curitiba e São Paulo passou a ser conhecido na comunidade ferroviária internacional a partir da apresentação do professor Jurimar Cavichiolo e por ele próprio no Congresso Mundial de Alta Velocidade realizado no mês de março, em Amsterdã, Holanda.
Segundo ele, o projeto apresenta indícios claros de viabilidade. “Segundo os engenheiros que há anos estudam o tema no Instituto de Engenharia do Paraná, liderados pelo ex-governador Emilio Gomes e pelo professor Jurimar Cavichiolo, existem hoje mais de oito milhões de passageiros anuais entre Curitiba e São Paulo. Considerados estes números, podemos pensar no trem de alta velocidade. Estudos clássicos demonstram que cinco milhões de passageiros viabilizam o projeto”.
Samuel ressaltou que o número de passageiros aumentará com a implantação do trem bala. “A experiência internacional ensina que o trem de alta velocidade induz demanda à ordem de 30 a 35%. A rapidez, conforto e segurança do chama
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