O Governo do Estado vai destinar pelo menos R$ 500 milhões para tirar do papel uma das maiores obras ferroviárias do país, a ligação São Paulo-Rio de Janeiro. A garantia foi dada pelo governador José Serra no final da manhã desta segunda-feira, 17, em Amsterdã, capital da Holanda, durante a abertura da sexta edição do congresso mundial de trens de alta velocidade. A pedido do Governo do Estado, o traçado do trem vai incluir uma ligação entre os aeroportos de Viracopos e Guarulhos. Serra participa do evento para discutir o projeto e buscar o interesse de parceiros de setor privado.
O trem de alta velocidade vai ser um projeto federal e São Paulo vai entrar com uma parte e o Rio de Janeiro com outra parte. Nós vamos entrar com pelo menos 500 milhões, anunciou o governador durante palestra para especialistas do setor. Agora o que a gente tem de fazer é desenvolver o transporte ferroviário. No passado, ele foi ficando para trás. O Brasil precisa mudar de novo para o trem. O trem para o transporte urbano e o trem para o transporte de carga e passageiros interurbanos, completou Serra.
A idéia é poder fazer Viracopos-Guarulhos e então Rio de Janeiro, resumiu o governador. Assim você facilita muito o transporte de mercadorias, de pessoas, enfim, a integração econômica de São Paulo. A região de Campinas e a da capital têm de ter uma integração de trilhos muito bem feita, completou. Serra argumentou ainda que uma ligação entre Campinas e a capital não teria viabilidade econômica. Mas, ao integrá-lo aos trilhos da linha SP-RJ, o cenário muda completamente.
Viracopos é o que nós temos neste momento para romper esse estrangulamento que está acontecendo em São Paulo e no Brasil. É o aeroporto, digamos assim, mais fácil de ser ampliado, argumentou o governador.
Incluir Campinas no projeto do trem é parte de uma estratégia para reforçar Viracopos como alternativa para o transporte aéreo em São Paulo. Viracopos é fundamental e a maneira de andar rapidamente com ele é abrir uma concessão ao setor privado e fazer uma concorrência; Quem ganha tem que fazer outra pista ou construir um terminal, explicou. Serra defendeu a tese em encontro com o presidente da República na última quinta-feira, 13, e em encontro com o ministro Nelson Jobim (Defesa), no sábado anterior.
Serra acredita que Viracopos é a bola da vez na medida em que o aeroporto de Congonhas, na capital, já está saturado; Cumbica, em Guarulhos, não dispõe de espaço para uma terceira pista; e a construção de um novo aeroporto na região metropolitana levaria tempo demais.
Alta velocidade
O projeto prevê a ligação entre os dois estados por meio de trilhos numa viagem não superior a duas horas. “Nós não vamos fazer um trem bala São Paulo-Rio de Janeiro porque não se justificaria um trem bala uma vez que teria que ter paradas intermediárias para que a linha pudesse render melhor”, explicou o governador. “Mas de toda maneira você chegaria ao Rio de Janeiro em duas horas, o que seria um avanço incrível”, admitiu.
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) deve apresentar os detalhes do projeto, incluindo sua viabilidade econômica, até o final deste ano. “O custo depende do que você vai transportar, do volume da carga e do número de passageiros. Ele não depende apenas daquilo que você gasta para fazer”, aproveitou para esclarecer.
A extensão à Campinas e Guarulhos foi encaminhada aos técnicos do banco por recomendação do governador José Serra. Além do Governo do Estado, o governo federal, prefeituras e o governo do estado do Rio de Janeiro vão investir na obra.
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